Secretário de Comércio dos EUA afirma que não adiará tarifas ao Brasil e governo se manifesta
Dados validados pela Firjan apontam prejuízo de até R$ 830 milhões para o estado do Rio de Janeiro

Em entrevista, nesse domingo, 27, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou que as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros não serão adiadas. Após isso, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) se manifestou.
De acordo com a Agência Brasil, em sua participação no programa Fox News Sunday, o secretário estadunidense falou sobre o início da medida:
Com certeza não haverá mais prorrogações, não haverá mais [período de] carência. As tarifas estão programadas para o dia 1º de agosto. Colocaremos a Alfândega para começar a coletar o dinheiro.
Na ocasião, Lutnick ainda afirmou que o presidente Donald Trump estará aberto a "negociar e conversar com as grandes economias".
O tarifaço, como vem sendo popularmente chamado, está previsto para iniciar na próxima sexta-feira, 1º de agosto. Ele foi anunciado por meio de uma carta de Trump ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 9 de julho.
Com essa medida, todos os produtos importados do Brasil pelos EUA serão taxados em 50%.
Após a fala do secretário de Comércio dos EUA, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços emitiu uma nota sobre o assunto.
Em um dos trechos do pronunciamento, o MDIC ressaltou a soberania brasileira e a possibilidade de negociações:
Reiteramos que a soberania do Brasil e o estado democrático de direito são inegociáveis. No entanto, o governo brasileiro continua e seguirá aberto ao debate das questões comerciais, em uma postura que já é clara também para o governo norte-americano.
Ao Portal Multiplix, o ministério informou que todos os dias desta semana vão acontecer coletivas de imprensa para trazer atualizações sobre este assunto.
Nesta segunda-feira, 28, o encontro será à tarde, após um evento marcado para as 16h no Planalto.
Leia a nota do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços na íntegra:
"Desde o anúncio das medidas unilaterais feito pelo governo norte-americano, o governo brasileiro, por orientação do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vem buscando negociação com base em diálogo, sem qualquer contaminação política ou ideológica.
Reiteramos que a soberania do Brasil e o estado democrático de direito são inegociáveis. No entanto, o governo brasileiro continua e seguirá aberto ao debate das questões comerciais, em uma postura que já é clara também para o governo norte-americano.
O Brasil e os Estados Unidos mantêm uma relação econômica robusta e de alto nível há mais de 200 anos. O governo brasileiro espera preservar e fortalecer essa parceria histórica, assegurando que ela continue a refletir a profundidade e a importância de nossos laços."
Prejuízo para o estado do Rio de Janeiro
Dados validados pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a partir de um levantamento produzido pelo Cedeplar, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), apontam para um prejuízo de até R$ 830 milhões em decorrência da implementação das tarifas.
O estudo da UFMG avaliou os impactos no país e em estados das regiões Sul e Sudeste.
De acordo com a federação, o Rio de Janeiro é o segundo maior estado exportador para os EUA, ficando atrás apenas de São Paulo. Em 2024, o Rio importou R$ 8,9 bilhões dos Estados Unidos; e exportou R$ 7,4 bilhões.
Segundo a Firjan, os principais produtos exportados do Rio para os Estados Unidos são petróleo bruto e aço.
A instituição ainda analisa que 48 municípios fluminenses poderão ser atingidos pelo tarifaço. Entre os mais prejudicados com a medida estão a capital, Rio de Janeiro, Duque de Caxias, São João da Barra, Macaé e Volta Redonda.
O presidente da federação, Luiz Césio Caetano, falou sobre a situação:
A Firjan vê com grande preocupação a possível implementação das medidas e defende a intensificação do diálogo, da negociação em busca de uma solução satisfatória para ambos os lados. Essa imprevisibilidade é prejudicial para todos, principalmente para as pequenas e médias empresas fluminenses. Também defendemos a postergação do prazo de negociação para obter o acordo entre as duas partes, se necessário.
A Firjan está ao lado de outras entidades do setor produtivo no Grupo de Trabalho Executivo, criado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, para avaliar os possíveis impactos do tarifaço dos Estados Unidos na economia fluminense.
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