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Efeito da guerra: pão francês já está mais caro em Nova Friburgo e Teresópolis

Além do aumento do trigo, provocado pelo conflito na Ucrânia, alta do milho também deve impactar o preço de ovos e frango; entenda

Por Bernardo Fonseca
11/03/22 - 10:09
Efeito da guerra: pão francês já está mais caro em Nova Friburgo e Teresópolis Disparada no preço do trigo começa a afetar o valor do tradicional pão francês e de outros alimentos | Foto: Reprodução/Portal Multiplix

Os efeitos da Guerra na Ucrânia já começaram a ter reflexos no interior do estado do Rio de Janeiro. Além da alta dos combustíveis e do gás de cozinha, anunciada ontem, 10, pela Petrobras, os alimentos também estão sendo afetados.

Numa padaria do bairro Ponte da Saudade, em Nova Friburgo, Região Serrana do Rio, um cartaz afixado em um vidro avisa os clientes que o valor da unidade do pão francês vai subir dos atuais R$ 0,50 para R$ 0,60.

O motivo para esse aumento expressivo está no preço do trigo, que acumula alta de mais de 40% no mercado internacional desde o começo do conflito no leste europeu.

Cartaz afixado em padaria de Nova Friburgo avisa sobre aumento no preço do pãoCartaz afixado em padaria de Nova Friburgo avisa sobre aumento no preço do pão | Foto: Bernardo Fonseca

Enrico Marelli, gerente de uma tradicional padaria localizada na Várzea, em Teresópolis, explica que o volume diário de fabricação do pão francês é grande. Por isso, a empresa compra o trigo com 15 a 30 dias de antecedência. Mas, conforme o conflito na Europa se estende, os impactos negativos se aproximam.

“Em média, só de fevereiro para março, o aumento foi de 11% a 15% no custo do saco de farinha, dependendo do tipo de trigo”, diz.

Dessa forma, não tem saída. O valor do pão vai subir: “infelizmente, vamos ter que repassar para os produtos. No caso do pão francês, vai subir R$ 1 real. A gente deve elevar de R$ 15,98 para R$ 16,98, o quilo”.

Mas, afinal, por que esse aumento todo?

A Rússia é o maior exportador de trigo no mundo e a Ucrânia também se destaca, segundo a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) das Nações Unidas. Somados, os dois países respondem por 30% desse mercado.

Porém, as dificuldades para transportar essa produção em meio à guerra aliadas às sanções impostas por dezenas de países do Ocidente, além dos receios quanto ao futuro do conflito, fizeram o preço desse insumo bater recorde.

O economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Matheus Peçanha, explica que a lógica por trás do preço do trigo é a mesma do petróleo. Se tem mais demanda, o valor sobe.

Enquanto o chamado óleo negro é estimado em barril, a medida do trigo é em bushel (unidade de medida de capacidade para mercadorias sólidas e secas), que chegou a quase US$ 13 dólares, na Bolsa de Chicago, nos Estados Unidos, no início desta semana.

“Com a guerra, produtos que a Rússia tradicionalmente exporta acabam tendo um impacto. Primeiro, por conta da expectativa do que vai acontecer com a produção e depois tem o próprio impacto das sanções. Isso acaba elevando os preços”, afirma Matheus.

Padaria de Nova Friburgo fez estoque

Assim que o friburguense Diego Thurler, proprietário de uma padaria em Riograndina, soube da invasão russa à Ucrânia não pensou duas vezes: foi se informar para saber como isso afetaria sua vida.

Ele conta que diariamente são produzidos 2.500 pães franceses, em média. E quando descobriu o impacto que poderia ocorrer no preço do trigo, correu para garantir um estoque e evitar, assim, o aumento do pãozinho.

Dono de padaria de Nova Friburgo correu para fazer estoque de trigoDono de padaria de Nova Friburgo correu para fazer estoque de trigo | Foto: Diego Thurler

“Por mês, gasto de 100 a 120 sacos de 25 kg (de farinha), mas com a situação da guerra comprei logo de uma vez 300 sacos para garantir o estoque para cerca de três meses”, conta.

Nesta semana, voltou a adquirir mais trigo. Dessa vez, foram 50 sacos, mas já com valor quase 20% maior em relação ao preço de duas semanas atrás. Segundo Diego, o fornecedor já alertou que a tendência é que o preço suba ainda mais.

“O jeito é prevenir enquanto dá, mas é um futuro bem estranho para o nosso lado”, diz.

Ovos, leite e carnes também podem ficar mais caros

Outro produto afetado pela guerra na Europa é o milho. De acordo com Bruno Lucchi, diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, a Ucrânia é o quarto maior produtor do mundo. E o preço no mercado já subiu ao maior patamar desde 2008 nesta semana.

“As consequências do conflito podem afetar não somente a alimentação humana como a animal, o que pode encarecer as proteínas, como carnes leites e ovos, visto que o milho é o principal componente da ração de muitos bichos”, explica.

Segundo Martinho Belo, supervisor local da Emater-RJ em Nova Friburgo, o milho mais caro pode representar uma pedra no caminho para criadores de animais da região, especialmente de aves.

Milho faz parte da ração de aves como as galinhasMilho faz parte da ração de aves como as galinhas | Foto: Reprodução/Portal Multiplix

“A avicultura para a produção de ovos tem crescido muito em Teresópolis, Nova Friburgo e região. Temos cerca de 50 criadores com mais de uma centena de cabeças cada que vão ser afetados pelo aumento do insumo”, afirma.

O economista Matheus Peçanha concorda, e destaca que esses aumentos chegam em mau momento, já que o Brasil está convivendo com uma inflação alta dos alimentos. Segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, subiram 14% em 2020 e 8% no ano passado.

“Trigo e milho são produtos agropecuários que têm muita disseminação na esteira de produção de diversos outros produtos. E a gente já teve uma inflação dos alimentos muito grande nos últimos dois anos por conta de problemas climáticos, e agora mais esse problema pode jogar de novo essas proteínas num ritmo inflacionário muito nefasto”, finaliza o economista.

Ao contrário do trigo, o Brasil produz bastante milho, mas o preço segue o mercado internacionalAo contrário do trigo, o Brasil produz bastante milho, mas o preço segue o mercado internacional | Foto: Divulgação/Renata Silva (Embrapa)

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