Friburguense e outros cinco compositores levam Estandarte de Ouro por 'Samba inovação'
Música da Viradouro foi inspirada em Noel Rosa e retrata o retorno da folia após a gripe espanhola, em 1919

O resultado dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro só sai nesta terça-feira, dia 26, mas o anúncio dos premiados pelo Estandarte de Ouro já está causando alvoroço entre os segmentos do mundo do samba. Para Nova Friburgo, na Região Serrana, a lista dos vencedores trouxe uma revelação especial.
O compositor Devid Gonçalves, nascido e criado em Olaria, ganhou o Estandarte de Ouro na categoria 'Samba inovação', junto com os demais integrantes da parceria responsável pela composição do samba entoado pela Unidos do Viradouro, na Marquês de Sapucaí este ano. Ouça o samba.
Devid diz que a sensação de ser premiado justamente no ano em que o Estandarte completa 50 anos da sua primeira edição e que pela primeira vez contempla vencedores nessa categoria é inenarrável. Para ele, a ‘ficha ainda não caiu’.
A gente teve, de fato, a ousadia de fazer um samba inovador, de quebrar paradigmas. É um samba inédito na história do Carnaval, o primeiro escrito em forma de carta. E é com muita alegria e satisfação que recebemos este prêmio. É um samba de um friburguense apaixonado pela cidade e que faz questão de levar o nome dela pra onde vai. Este Estandarte é de Friburgo também e de todos que torceram por este samba.
Outros cinco nomes integram a composição do samba: Fábio Borges, Ademir Ribeiro, Lucas Marques, Porkinho e Felipe Filósofo, conhecido por inovações estéticas em sambas-enredo e já vencedor de outro Estandarte de Ouro, em 2017, na Unidos do Viradouro.
A Unidos do Viradouro está na briga pelo bicampeonato | Foto: Divulgação/Unidos do Viradouro
Mais sobre o samba
Personagem da Commedia Dellarte, o Pierrot tinha como característica escrever cartas de amor para Colombina e guardá-las. Na composição, também feita em forma de carta, ele nada mais é do que o narrador, representando a sociedade, que se reporta ao seu grande amor: a Colombina, representando o Carnaval.
A letra foi integralmente construída com elementos que marcam esta forma e também aquele período. No fim da composição, por exemplo, é uma data que foi a quarta-feira de cinzas daquele ano, 5 de março de 1919.
Foi quando o Rio teve o maior Carnaval de todos os tempos, pós gripe espanhola e Primeira Guerra Mundial - uma fiel alusão aos tempos atuais e que é apresentado pela sinopse da escola, com o tema: “Não há tristeza que possa suportar tanta alegria”.
A melodia traz toda a nostalgia da época, rompendo, desta maneira, com o modelo dos desenhos melódicos e fazendo, assim, o som trazer uma imagem e um sentimento.
O samba ainda possui termos que foram cirurgicamente escolhidos pela parceria para retratar este momento único e o lirismo do maior Carnaval da história.
Premiação Estandarte de Ouro
O Estandarte de Ouro é o mais antigo e importante prêmio extraoficial do Carnaval do Rio de Janeiro, sendo conhecido como "Oscar do samba" ou "Oscar do Carnaval", numa referência ao Oscar do cinema.
O prêmio é organizado e oferecido pelos Jornais O Globo e Extra a personalidades e segmentos que se destacam nos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro.
Veja os vencedores do Estandarte de Ouro 2022
Bateria: Grande Rio, do mestre Fafá
Ala de passistas: Salgueiro
Fernando Pamplona: Grande Rio, com a alegoria "Fala, Majeté”
Samba-enredo: Mocidade, com "Batuque Ao Caçador"
Enredo: Grande Rio, com "Fala Majeté! Sete Chaves de Exu"
Comissão de frente: Mangueira
Mestre-sala: Sidclei Santos, do Salgueiro
Porta-bandeira: Lucinha, da Portela
Inovação: Viradouro, com a letra do samba-enredo em forma de carta
Personalidade: Carlos Reis, destaque da Portela
Ala: Portela, com a Ala Tia Ciata
Baianas: Imperatriz
Puxador: Gilsinho, da Portela
Revelação: Wic Tavares, da Unidos da Tijuca
Prêmio especial 50 anos do Estandarte de Ouro: Hélio Turco
A apuração das escolas vencedoras do Carnaval 2022 será realizada nesta terça-feira, 26, a partir das 16h, no Sambódromo do Rio.
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