Apae de Nova Friburgo é selecionada entre as melhores ONGs do Brasil

“Foi difícil, mas eu faria tudo de novo, não me arrependo de nada!” É com essas palavras que Maria das Dores Pacheco, a Dorinha, fundadora da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Nova Friburgo, define seu trabalho na associação.

A organização foi selecionada, na semana passada, entre as 400 melhores ONGs do Brasil, entre 300 mil participantes. O prêmio é oferecido pelo Instituto Doar que, com a ajuda de jornalistas e equipes de pesquisa, seleciona, entre todas as organizações não governamentais brasileiras, as que mais merecem receber contribuições financeiras pelo bom trabalho prestado à sociedade.

A Apae de Nova Friburgo completou 40 anos em maio de 2019 e, neste momento, atende cerca de 600 pessoas. Para Dorinha, presidente da instituição, foi um longo caminho percorrido, mas sem arrependimentos, porque fez tudo em nome do seu filho.

“Eu tenho um filho especial, a moleira dele fechou antes do tempo e impediu o desenvolvimento do cérebro dele. O pediatra que o atendia, na época, achou que não era nada demais. Fui a um especialista no Rio de Janeiro que me disse que ele deveria ser operado. Naquela época, há 50 anos, não era comum operar um neném, e toda a minha família resistiu a essa ideia. Eu demorei um pouco até voltar ao Rio, decidida a operar, mas aí já havia passado do prazo e o organismo dele não aceitaria mais a operação. Voltei a Friburgo decidida a cuidar dele, seja como fosse”, conta.

Dorinha voltou com o filho para Nova Friburgo, onde passaram a receber atendimento pela Associação Friburguense de Amigos e Pais do Educando (Afape). Ela conta que, por ser uma das poucas instituições para atendimento a deficientes mentais na região, a Afape não tinha possibilidade de oferecer o atendimento na dimensão que ela esperava, e decidiu, por conta própria, com os aprendizados que tinha acumulado na associação, cuidar do filho.

Antes mesmo de saber que já existiam as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais, Dorinha fundou sou próprio grupo de apoio. Contando com a colaboração de parceiros, ela passou a oferecer atendimento a outras famílias. Após sugestão de uma amiga educadora, Dorinha visitou a Apae do Rio de Janeiro, decidiu unir seu projeto à proposta das Apaes e iniciou a fundação da associação em Nova Friburgo.

Apae de Nova Friburgo atende cerca de 600 pessoas | Foto: Reprodução/Portal Multiplix

Atualmente, a Apae é uma das principais instituições de atendimento a pessoas com deficiência em Nova Friburgo. A instituição oferece atendimento para a família desde o nascimento do neném, com avaliação e pesquisa por meio de exames, passando pelo grupo de acompanhamento que recebe a família e analisa a situação passada por eles, até a educação precoce, oferecida pela organização para determinar se a criança está ou não preparada para frequentar uma escola regular.

“Todos os bebês que nascem na maternidade pública vêm pra cá, então, nós somos um tipo de segunda avaliação. Existe um protocolo na maternidade em que o pediatra participa, mas, aqui na Apae, a gente tem mais tempo pra fazer essa avaliação e pessoas bem especializadas. Fazemos exames mais específicos”, finaliza.

A Apae no Brasil

A primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais foi criada no Rio de Janeiro, em 1954. O principal objetivo da organização, desde o início, é dar uma atenção especial ao portador de deficiência, além de oferecer também um atendimento voltado para a família.

Atualmente, mais de duas mil Apaes espalhadas por municípios brasileiros oferecem serviços de educação, atendimento médico, inclusão social e, principalmente, para a garantia de direitos do portador de deficiência intelectual ou múltipla.