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Uma coisa ou outra

Por George dos Santos Pacheco
03/03/21 - 13:19

Eu fico realmente impressionado, aturdido, bestificado, estupefato, e pasmo (haveria talvez mais alguma palavra para identificar meu estado de espírito?) quando vejo um motociclista pilotando a moto e utilizando um aparelho celular. Poxa, eu ainda estou aprendendo a caminhar, respirar e tomar sorvete ao mesmo tempo. Uma coisa ou outra.

Nunca deixo de me surpreender ao assistir uma cena dessas, até porque isso não faz parte da minha realidade. Não mesmo. Esses dias deixei a carne queimar porque me entretive cortando couve. Se a atenção a ser dada é grande, todo o resto fica operando em segundo plano, como se eu entrasse num mundo metafísico e imaterial da atividade única neste momento.

Estão rindo, terráqueos? Ora, atire aí a primeira pedra quem nunca levou uma reprimenda da esposa por estar usando o celular ou vendo TV e sequer ouviu o que ela falou!

Em minha defesa, lembro que, certa feita, um homem mais sábio que eu disse que é impossível servir a dois senhores, pois se dedicará a um e desprezará o outro. Por isso acho que deve haver algo de subversivo, místico ou sobrenatural em todos aqueles que conseguem realizar mais de uma tarefa por vez.

Eu não consigo.

O nome disso é atenção multifocal e segundo estudos das Universidades de Massachusetts, Harvard e Ohio que o parta, as mulheres vem com essa aptidão já de fábrica, herança de nossos ancestrais homo cavernossaurus – o que não deve servir de desculpas para reforçar estereótipos de gênero. Apesar desse contexto neurocientífico e genético, a atenção multifocal é uma habilidade que pode (e deve) ser desenvolvida com treinamento, o que é muito interessante, tendo em vista que o mercado de trabalho tem buscado cada vez mais esse tipo de colaborador.

Em linhas gerais, estas pessoas possuem maiores níveis de ativação de uma determinada área do cérebro e tem mais facilidade para a realização simultânea de atividades que demandem foco e cognição.

Com adestramento ou não, para mim, isso ainda é um tanto quanto enigmático.

Como é que pode alguém cuidar das crianças, da casa, lavar roupas, respirar, e postar no status e stories, tudo ao mesmo tempo? Ou se equilibrar em cima de uma moto nos corredores de carros, buzinar (fazer nhém nhém nhém na aceleração) e ainda mandar joinhas e kkks em um celular? Não é espantoso?

Eu os admiro, quase invejo. Queria ser assim. Não que eu deseje andar de moto por aí com o telefone móvel na mão, só não quero deixar mais o arroz agarrar no fundo da panela (infração grave segundo o Código Nacional de Cônjuges).

Deixe estar. Ainda chego lá. Prometo a mim mesmo e à Dona Maria que vou treinar o cérebro e não deixo mais a carne queimar. Serei como um navegador de internet cheio de abas, cada uma processando uma coisa. Virou questão de honra.

E deixemos disso, queridos e habilidosos leitores. Porque a verdade é que... eu queria mesmo era ter falado sobre como devemos valorizar nossas virtudes, além de encarar as deficiências como oportunidades de melhoria. Farei isso, garanto, mas não agora.

Uma coisa ou outra.


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