O que você quer ser quando crescer?

“O menino é pai do homem.” (Machado de Assis)

Eis então que, no último feriado, deparei-me com um desses vídeos que circulam nos aplicativos de mensagem. Numa cena breve, um grupo de crianças era confrontado com a clássica pergunta “O que você quer ser quando crescer?”. A maioria de nós com certeza passou pela mesmíssima entrevista quando menino, o que evocava na mente pueril as mais curiosas e inusitadas fantasias. “Eu quero ser grande!”, disse o último garotinho do filme, o que tornava a mídia ao mesmo tempo cômica e digna de reflexão.

O que é importante, realmente, terráqueo? Ser “alguém”, ou ser “grande” em tudo o que fazemos? Ainda que não tenha sido a exata acepção da palavra que o garoto utilizou, podemos aprender muito com a sua expectativa de futuro. De fato, o homem carrega em si parte do menino que foi e, por isso mesmo, é tão importante investir na infância, nos processos, na caminhada. Porque em verdade, não se trata necessariamente do sonho, mas do sonhar.

Machado de Assis cita o poeta inglês, William Wordsworth, em suas Memórias Póstumas de Brás Cubas, romance que se tornou um divisor de águas da Literatura Brasileira e que, segundo alguns estudiosos, teria sido gestado, inclusive, em Nova Friburgo, onde o autor costumava se recolher para tratar da saúde. Contemplamos o “arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso” menino Brás Cubas, transformando-se em um homem irreverente, irônico e um tanto melancólico. Fica bem claro, nesta obra do Bruxo do Cosme Velho, que somos a soma de tudo o que vivemos, creiamos nisso ou não.

Você se tornou tudo o que queria ser? Independente da resposta, o importante é que nunca deixemos de sonhar. E que o homem que somos jamais envergonhe o menino que fomos!