Levantamento inédito no RJ mostra que saúde mental de jovens é a mais impactada pela pandemia
Mulheres também sofrem por violência autoprovocada: correspondem a 72,4% dos casos registrados na rede pública em 2020

Um levantamento inédito realizado no estado do Rio indica que os jovens e adolescentes estão passando a pandemia de forma mais complexa que as outras faixas etárias.
Justamente na época de formação da personalidade e da criação de experiências para a maturidade, eles perderam a liberdade de sair por causa do risco de contágio da Covid-19.
De acordo com especialistas, se para a sociedade, como um todo, aprender a viver mais isolado é difícil, para esses jovens e adolescentes há uma missão é ainda mais desafiadora.
Para embasar políticas públicas de saúde e alertar a sociedade, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) fez um levantamento sobre cada geração para analisar como os fluminenses estão sendo impactados nesta época de pandemia. Confira as faixas etárias mais afetadas:
Vulnerabilidade de jovens e adolescentes / 2019 e 2020
20 a 39 anos: 45%
15 e 19 anos: 22%
Mortalidade e violência autoprovocada
“No levantamento notamos também que, no estado do Rio de Janeiro, a taxa de mortalidade tem aumentado gradativamente. Os homens são os que mais sofrem, com taxa de morte três vezes superior às mulheres. As mulheres, por sua vez, são as que mais sofrem por violência autoprovocada, chegando a 72,4% do total dos casos registrados na rede pública em 2020. E o número desses registros dos casos autoprovocados tem aumentado bastante nos últimos anos", explica a coordenadora de Vigilância e Promoção da Saúde, da SES, Eralda Ferreira.
Outro fenômeno percebido no levantamento é o crescimento mais forte dos registros de violência em geral para o sexo feminino, tanto suicídios, quanto notificações de violência autoprovocada.
A realidade brasileira precisa de ainda mais atenção porque, enquanto no mundo houve redução de 36% na taxa global de mortalidade por suicídio nos últimos 20 anos, nas Américas, o movimento foi o inverso e registrou crescimento de 17% na taxa de mortalidade por suicídio no mesmo período.
No Brasil, esta ampliação também foi verificada nos últimos dez anos:
Mortes por suicídio / cada 100 mil habitantes
2019: 6,42
2009: 4,95
Crescimento: 30%
Setembro Amarelo
Com base nessas análises e também no retorno dos atendimentos da superintendente de Atenção Psicossocial e Populações Vulneráveis, neste ano, a Secretaria de Estado de Saúde elegeu os jovens e adolescentes como o principal foco de atenção para a divulgação do Setembro Amarelo, que é a data escolhida para tratar da questão do suicídio e da violência autoprovocada na população.
Um fórum realizado nesta semana sobre a prevenção do suicídio em jovens e adolescentes pode ser visto no canal da Secretaria de Estado de Saúde do RJ, no YouTube.
"É importante estarmos atentos aos sinais e ter sempre o acolhimento como regra fundamental, principalmente agora, que a desesperança decorrente da crise pandêmica é um dos sentimentos mais presentes. Além disso, estamos também focando na construção do sofrimento que está passando a pessoa e a sua relação com o coletivo”, aconselha a superintendente de Atenção Psicossocial e Populações Vulneráveis da SES-RJ, Karen Athié.
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