Dia Nacional da Infância: Qual é o limite para o uso de aparelhos eletrônicos pelas crianças?
As famílias precisam estar atentas ao conteúdo acessado pela criança e ao tempo que elas passam com o aparelho
22/08/19 - 15:37
Atualmente, é impossível se desvencilhar das inovações tecnológicas que aparecem a cada dia, voltadas para todos os públicos. É possível encontrar aparelhos de celular específicos para idosos, com números e letras maiores, computadores portáteis para facilitar a rotina de jovens e adultos e, hoje em dia, existe até TV que oferece facilidades para que seu filho assista a desenhos e também consiga baixar aquele aplicativo que ele tanto gosta para brincar em tela cheia. Mas, será que é saudável, para as crianças, conviver tão de perto com a tecnologia?
O dia 25 de agosto é marcado pela comemoração do Dia Nacional da Infância. A data foi criada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), como forma de refletir as condições de vida das crianças do país e do mundo. Para a psicóloga Marianne Fernandes, que apresentou o trabalho de monografia sobre os impactos da tecnologia na primeira infância, a relação da criança com aparelhos eletrônicos não deve ser de intimidade.
“Quando a criança é pequena, é muito importante que ela tenha um objeto transicional, que é um objeto de apego dessa criança. Pode ser um paninho, um bichinho, um brinquedo... Na minha pesquisa, procurei saber se os objetos eletrônicos podem substituir esses objetos, e a resposta foi que, com certeza, não substituem. O uso de celulares, por exemplo, afeta a postura, as luzes de telas eletrônicas causam problemas de visão, atrapalham o sono da criança, causam sedentarismo, a criança perde a habilidade de esperar com paciência, porque tudo está ao alcance de um clique, ou seja, uma quantidade enorme de malefícios”, explica a psicóloga.
Com a principal função de trazer facilidades para o dia a dia das pessoas, a tecnologia também pode oferecer vantagens para a criação da criança, basta que ela seja usada de forma moderada e sempre com supervisão de um responsável.
“Estamos envoltos nesse mundo tecnológico, não tem jeito, e acredito que cada vez mais será assim. Não tem como tirar a criança desse meio completamente, até porque não será bom pra ela. Se for restringida de ter acesso às coisas quando criança, quando ela se tornar adulta, e tiver as próprias escolhas, vai usá-las exacerbadamente. Você tem que mediar sempre, pra criança entender que é melhor crescer nesse equilíbrio. Eu não acho que se deve privar a criança de nada, principalmente de uma coisa que é tão comum” conclui Marianne.
Para Barbara Souza, mãe de uma menina de um ano de idade e de um menino de três anos, o quanto ela puder evitar que os filhos tenham acesso a objetos eletrônicos, melhor será.
“Eu faço de tudo pra que meus filhos não mexam no celular. No máximo, assistem a um desenho. Eles não ligam muito, não, porque preferem brincar longe dos aparelhos. Me esforço pra que eles tenham o menor contato possível com a tecnologia; é difícil, mas não é impossível. Eu evito até que eles encostem no meu celular”, conta.
Já para Mica Borba, que é doula em Nova Friburgo e mãe de duas meninas, de 3 e 10 anos, e de um menino, prestes a completar 2 anos de idade, é possível oferecer às crianças uma infância saudável, mesmo em um mundo mergulhado na tecnologia.
“Dá trabalho, mas é possível. Até porque a saúde deles vai muito além do fato de estarem usando telas ou não. Isso não impede que eles brinquem com amigos, ou brinquem entre si, mas há de haver limite e estímulo. Se não, realmente... funcionam como nós adultos: quanto mais vivemos virtualmente, menos temos trejeitos sociais para conviver em carne e osso”, finaliza a mãe.