Ansiedade e estresse estão entre as principais causas de ataques cardíacos
No Brasil, 18,6 milhões de pessoas se declaram ansiosas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)
15/08/19 - 16:56
No Brasil, quase 200 mil pessoas morreram por doenças cardiovasculares apenas em 2018, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia. E é para alertar sobre a importância de manter a saúde do coração em dia que, em 14 de agosto, foi comemorado o Dia Nacional do Cardiologista.
O que muita gente não sabe é que uma mente pouco saudável também pode levar a problemas no coração. Um exemplo é a ansiedade. No país, 18,6 milhões de pessoas sofrem com a doença que está diretamente ligada ao estresse, que, por sua vez, é apontado como a causa de 30% das mortes por ataques cardíacos no Brasil, em estimativa feita pelo Ministério da Saúde, ficando atrás, apenas, do colesterol, do cigarro e da hipertensão.
“Os problemas da esfera psíquica podem causar, ativar e agravar doenças cardiovasculares. Uma boa evidência disso é que os medicamentos ansiolíticos são mais prescritos por cardiologistas. Doenças como hipertensão arterial, angina, arritmias, diabetes e obesidade são frequentemente antecipadas devido a problemas do psiquismo, sendo as mais comuns a ansiedade e a depressão”, explica o cardiologista friburguense José Alexandre Borges.
Nas três maiores cidades da Região Serrana do Rio - Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo -, o total de mortes por infarto, segundo o DataSUS, de 2007 a 2017, é de 4.875.
E ao contrário do que diz o senso comum, não há idade mais propensa para sofrer doenças cardíacas. Em Teresópolis, segundo o DataSUS, houve sete casos de infarto no coração entre jovens de 20 a 29 anos, no período entre 2007 e 2017. Já em Nova Friburgo, quatro casos de infarto entre jovens da mesma faixa etária foram registrados, e um caso registrado com paciente entre 15 e 19 anos, durante o mesmo período.
“Não era para os jovens terem problemas de saúde, visto que a maioria das doenças é previsível, mas alguns fatores têm contribuído muito para o avanço das doenças cardiovasculares, entre eles alimentação inadequada e falta de exercícios físicos. Mas a falta de perspectivas de vida no futuro tem gerado uma série de desequilíbrios na esfera mental, o que resulta em ansiedade e depressão atingindo níveis alarmantes”, justifica o cardiologista.
Não é simples vencer o estresse, mesmo quando se sabe qual é o seu motivo e as consequências. Em um mundo em que é constante o fluxo de informações, é normal que o corpo produza diversas reações, mas algumas dicas podem ajudar a aliviar a ansiedade.
“No Brasil, conquistamos muitas coisas nos últimos anos, mas a estabilidade social não foi alcançada. Contribui para isso a desigualdade, o desemprego, a insegurança, entre outros fatores. Devido à origem multifatorial, para fugir do estresse e da ansiedade, é necessário muito esforço e dedicação, por causa da subjetividade do problema. Para prevenir que a doença cause danos cardiovasculares, uma vida com dieta saudável e exercícios físicos, sempre com assistência psicológica, é muito importante”, encerra José Alexandre.