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Você sabia que o teatro pode mudar sua vida? Alunos e diretores falam sobre os benefícios para quem pratica a arte

Em Nova Friburgo, os cursos de teatro são cada vez mais procurados por pessoas de diversas idades e profissões

Por Nai Frossard
21/09/22 - 14:52
Você sabia que o teatro pode mudar sua vida? Alunos e diretores falam sobre os seus benefícios Bernardo Dugin revela que sabia que seria ator desde criança | Foto: Acervo/Bernardo Dugin

Toda forma de teatro tem algo em comum com uma visita ao médico. Na saída, deve-se sempre se sentir melhor do que na entrada.

A frase é de um dos diretores de teatro mais inovadores do mundo, o inglês Peter Brook, em seu livro ‘A Ponta da Língua’, de 2017. Peter morreu em julho deste ano, aos 97 anos, em Paris, onde morava.

Em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, o artista e diretor de teatro Bernardo Dugin faz reflexões sobre as artes cênicas nesta semana que se comemora o Dia Nacional do Teatro.

Dugin afirma que o estudo é interminável, e que um dos materiais mais importantes é o ser humano. “O autoconhecimento é fundamental: observar o mundo ao nosso redor, questionar coisas do cotidiano. Tudo isso faz parte da nossa matéria de trabalho”.

O friburguense Bernardo Dugin, começou cedo. Foi na escola, quando fazia o primário, que ele teve uma das primeiras certezas na vida: de que seria ator. E ele ainda nem imaginava o tanto de água que ainda ia passar debaixo da ponte:

Desde que assisti a primeira peça de teatro na minha escola, com apenas seis anos, eu fiquei enlouquecido com aquela arte. Eu nunca tinha visto nada parecido, eu nunca tinha ido ao teatro, fiquei encantado. Eu queria ser ator, botei na minha cabeça.

Foi com 12 anos que ele começou a fazer um curso e, de lá para cá, não parou mais: fez musicais, novelas, seriados, filmes. O ator, produtor e diretor, que também dá aulas de teatro, afirma que essa arte deve ser trabalhada por todas as pessoas, sem limite de idade, gênero, classe ou qualquer outra coisa. Ele diz que a procura pelas aulas sempre aumenta e também aprende cada vez mais:

O ator trabalha até morrer e só vai ficando mais rico na sua bagagem de interpretação, criando mais camadas, na medida que o tempo passa. Com autoconhecimento, o ator fica melhor e ganha profundidade.

Bernardo Dugin destaca que muitas questões pessoais podem ser melhoradas no teatro. “Traumas, dificuldades de relacionamento, problemas na fala, todo isso pode ser trabalhado porque o teatro é um espaço maravilhoso e transformador”, disse.

Gabriela é professora da Oficina Escola de Artes de Nova FriburgoGabriela é professora da Oficina Escola de Artes de Nova Friburgo | Foto: Acervo/Gabriela Ribas

A atriz, diretora e professora de teatro, Gabriela Ribas, explica que dá aulas para alunos com objetivos diferentes. Muitos querem experimentar e outros buscam o desenvolvimento de habilidades específicas, como a comunicação, a dicção, o trabalho em grupo ou a atividade como alívio de tensões.

Sou professora de Teatro da Oficina Escola de Artes de Nova Friburgo. Gabriela é fundadora, junto com um grupo de artistas, a Companhia Arteira de Teatro, que vai fazer 15 anos. “Teatro faz bem para a saúde do corpo e da mente. Os jogos, exercícios e treinamentos de cursos e oficinas de teatro são benéficos e muito recomendáveis para profissionais de todas as áreas”, garante ela.

O teatro me trouxe e ainda traz alunos maravilhosos. Pessoas incríveis e diversas, que muito contribuem para o meu crescimento e desenvolvimento profissional e pessoal. Além disso, se tornam companheiras de estrada.

A aluna Juliana Arruda é uma dessas pessoas. Ela conta que sua experiência com o teatro sempre foi de muito aprendizado e até uma forma de 'terapia'. De acordo com ela, um momento em que pode ser ela mesma, interpretar personagens de maneira espontânea e se dedicar ao personagem, deixando um pouco de lado os problemas do cotidiano.

“Mas, claro, sempre com as técnicas necessárias. Essas técnicas eram de expressão corporal, dicção, o que me ajudou até mesmo a trabalhar com atendimento ao público posteriormente, apresentar trabalhos na escola e faculdade”, afirmou ela.

Juliana ressalta o aprendizado de trabalhar com o coletivo e a necessidade de estar em sintonia com o parceiro de cena. “Ficamos mais dispostos a ouvir e aprendemos a nos expressar melhor”, finaliza ela.

Aumento do foco, percepção, concentração...mesmo causando tantos benefícios para as pessoas e, às vezes, sendo um instrumento de análise, tanto para quem atua como para quem assiste, Gabriela Ribas reforça que o teatro não pode substituir a terapia:

“Isso deve ser feito por profissionais especializados, apesar de algumas terapias utilizarem técnicas de teatro.”

Companhia Arteira de Teatro foi fundada por Gabriela RibasCompanhia Arteira de Teatro foi fundada por Gabriela Ribas | Foto: Acervo/Gabriela Ribas

E o Bernardo Dugin reforça outros benefícios do teatro. Ajuda a vencer algumas dificuldades pessoais, como timidez e ansiedade, e aumentar o conhecimento de si. Ele é categórico:

O que eu costumo dizer é que o teatro não é terapia, mas é terapêutico!

Referências no mundo

Voltando a falar sobre Peter Brook, ele também foi um revolucionário na forma de fazer e dirigir peças. Usou o mundo como suas produções de montagem de palco, desde versões desafiadoras de Shakespeare até óperas internacionais e poemas épicos hindus.

Embora Brook fosse visto com admiração nos círculos teatrais, ele era menos conhecido entre o público em geral por causa de sua recusa em se curvar ao gosto comercial. Muitas vezes, evitou teatros tradicionais para o 'espaço vazio', que poderia ser transformado pela luz, palavras, improvisação e o puro poder de atuação e sugestão.

“Posso pegar qualquer espaço vazio e chamá-lo de palco”, escreveu ele em seu livro inovador de 1968, “O Espaço Vazio”.

A comunicação verdadeira com o público, com uma linguagem que ultrapasse as fronteiras culturais era o foco de trabalho de Peter Brook. A sensibilidade e a atenção no trabalho com os atores, como a maneira de se conectar com o outro e, também, com o sagrado, estava no roteiro do teatro que buscava tornar visível o invisível. O “teatro sagrado”, denominado por Brook, trata-se de um teatro que causa uma sensação de transcendência, realizado por alguns diretores.

No Rio de Janeiro, a pesquisa do trabalho do ator e da interpretação com uma intensidade marcante é realizada pelo Studio Stanislavski (que comemora 30 anos de existência em 2022) e pelo Instituto do Ator, comandados pela diretora Celina Sodré. Nos estudos e experimentações de linguagens teatrais estão presentes as técnicas, as preparações e os pensamentos desenvolvidos por Peter Brook, Constantin Stanislavski e Jerzy Grotowski.

Brook, Stanislavski e Grotowski são referências no teatro mundial e nos trazem a certeza de que existem diversas formas de fazer teatro – comercial ou alternativo - e com inúmeros benefícios para quem faz e para quem assiste, e quase sempre, trazendo transformações.

O escritor Nelson Rodrigues, que também é o mais influente autor do teatro brasileiro, revolucionou a forma de fazer dramaturgia no país, na estreia de 'Vestido de Noiva', em 1943.

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