Viva a cultura! Conheça um pouco mais da tradição da Folia de Reis na Região Serrana

O Dia de Reis é celebrado nesta quarta-feira, 6 de janeiro. As festividades possuem uma rica história e muita força na Região Serrana do Rio de Janeiro por meio das Folias de Reis.

Para o catolicismo, a data representa a ocasião em que Caspar, Melchior e Balthazar, os três reis magos, chegaram em Belém para reverenciar o menino Jesus e oferecem os seguintes presentes: ouro, incenso e mirra.

Também chamada de Festa de Santo Reis ou Reisado, é uma festa popular e de caráter religioso. Sua origem está associada ao sincretismo da tradição cristã, portuguesa e espanhola, trazida ao Brasil no século XIX.

As folias costumam sair pelas ruas visitando as casas, pedindo permissão para entrar, tomando café e oferecendo uma bandeira colorida do santo de devoção, enfeitada com fitas e santinhos, enquanto, do lado de fora, os palhaços e foliões vão cantando e dançando.

Cada grupo é formado pelo mestre ou embaixador, o contramestre, os três reis magos, palhaços, dançarinos e os foliões. Usam trajes coloridos, tocam músicas típicas com instrumentos como violas, reco-reco, tambores, acordeões, pandeiros e entoam versos de cantorias religiosas.

Esta tradição possui muita força em cidades da serra fluminense, em especial Nova Friburgo, segundo João Batista Braga, presidente da Associação dos Grupos de Folias de Reis da cidade serrana.

Ele revela que a tradição da Folia de Reis em sua família veio desde de seu pai, nascido em Duas Barras, e da mãe e dos tios, naturais de Sumidouro, cidades vizinhas à Nova Friburgo.

João conta que desde cedo era levado pelo pai à um grupo do bairro Alto de Olaria. Aos poucos, tomou gosto pela folia e criou a Irmandade de Conselheiro Paulino, onde tocou com seu pai e com os tios.

Depois, ele se tornou presidente da Associação de Folias de Nova Friburgo, que foi fundada em 1997, e segue como líder da instituição desde então.

A Associação, segundo seu presidente, conta com 12 grupos de bairros e distritos como Amparo, Alto de Olaria, Floresta, Jardinlândia e Campo do Coelho, além de Conselheiro Paulino.

“Quando a Associação de Folias de Nova Friburgo foi criada contávamos com 22 grupos. Tínhamos algumas folias com quase 100 anos de atuação na cidade. Atualmente, este número foi reduzido”, declara João.

Esta tradição segue sendo passada de geração para geração na família de João Batista.

“Meus tios seguem na Folia de Reis e meu sobrinho é sanfoneiro e dá aula de acordeão na Folia de Reis”, revela.

Entretanto, em 2021, as visitas e festividades tiveram de ser paralisadas em razão da pandemia do novo coronavírus. Normalmente, segundo o presidente da Associação, as apresentações se iniciam em novembro de um ano e se encerram no dia 20 de janeiro do ano seguinte.

“Apesar de alguns grupos terem participado de lives realizadas por folias de outros municípios, as visitas e apresentações foram suspensas e deixaram todos desolados e com muita saudade da festa protagonizada pela representação cultural que é a Folia de Reis”.

Sobre a pandemia e a necessidade de isolamento, João espera que a vacina saia logo e que venham dias melhores com muitas festas conduzidas pelos grupos da região.

“Se Deus quiser, a vacina vai sair em breve e vamos pagar as visitas pendentes antes mesmo do mês de novembro", conclui.

Um ano sem festa, mas sempre com comemorações. Como cantava o saudoso Tim Maia, é “dia da Festa de Santos Reis”. Viva Caspar, Melchior e Balthazar!

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