Cordeiro, a cidade da capoeira
Município reúne cinco grupos de capoeira com cerca de 500 adeptos da arte marcial
28/05/19 - 16:41
Tombada como patrimônio imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 2008, a capoeira é uma arte marcial que reúne o canto, o toque dos instrumentos, os golpes, o jogo, os símbolos e os rituais de herança africana, recriados no Brasil. E o município de Cordeiro vem se destacando na Região Serrana pela efervescência da prática da capoeira contemporânea, que, segundo o presidente fundador do Grupo Berimbau Maior, Fabrício Silva dos Santos, conhecido como professor Rabiola - é aquela que joga todos os ritmos, misturando a regional, a de Angola, a Benguela etc.
Professor Rabiola conta que o mestre mais graduado da cidade é o mestre Rolha, que tem quase 50 anos como capoeirista e que, atualmente, há cinco grupos que jogam capoeiras no município, reunindo cerca de 500 adeptos no total.
Na cidade também são oferecidas aulas gratuitas para crianças carentes, com apoio da Secretaria de Cultura e de empresários locais, desde 2018, de segunda a quinta-feira. “A atuação junto à comunidade, com aulas gratuitas, se ampliou, a partir de 2018, com o trabalho junto a seis crianças e agora já são 70. Para participar, os alunos têm que estar frequentando a escola, com boas notas e bom comportamento em casa. Dentro da capoeira, também são realizados trabalhos de assistência social em que recolhemos cestas básicas para ajudar famílias carentes”, diz.
Mensalmente, no segundo sábado de cada mês, a cidade reúne uma roda regional com capoeiristas de municípios do entorno, reunido os grupos Berimbau Maior, Inovar Capoeira, cuja sede é em Nova Friburgo, Lua Crescente, Ginga Serrana e Guerreiros do Cativeiro. Também participam o grupo Negrinho de Sinhá, de Bom Jardim, grupo Elite de Bimba, de Macuco, dentre outros mestres e capoeiristas parceiros.
Gustavo Sérgio Martins, conhecido como professor Guga, do grupo Inovar Capoeira, conta que joga há 33 anos, tendo seu irmão, Paulo Sérgio Martins, conhecido como mestre Barra Preta, do grupo Guerreiro do Cativeiro, como primeiro professor.
“Em Cordeiro só existiam dois grupos: o Beira Mar, que era do mestre Cerza, que tinha o mestre Preguinho de Cantagalo como responsável, e o do meu irmão, que era do grupo Senzala, com o mestre Peixinho. Daí que a capoeira começou a crescer, apareceu o mestre Rolha, que também era da mesma época, e hoje temos capoeiristas de cinco grupos diferentes: Inovar Capoeira, Guerreiros do Cativeiro, Ginga Serrana, Lua Crescente, Berimbau Maior e Raízes da Serra”, diz o professor Guga.
A capoeira
De acordo com o Iphan, a capoeira originou-se no período escravista, no século XVII, e desenvolveu-se como forma de sociabilidade e solidariedade entre os africanos escravizados. Também foi estratégia para os negros lidarem com o controle e a violência. Atualmente, é considerada um dos maiores símbolos da identidade brasileira e está presente em todo território nacional, além de praticada em mais de 160 países, com variações regionais e locais.
A roda de capoeira congrega cantigas e movimentos que também expressam hierarquia e um código de ética que são compartilhados pelo grupo. Na roda, acontece o batismo dos iniciantes, a formação e consagração dos grandes mestres e a transmissão de práticas e valores afro-brasileiros.