Como lidar com a ansiedade no isolamento domiciliar?

Quem sofre de ansiedade pode ter um sério problema tendo que ficar em isolamento domiciliar durante a pandemia de coronavírus. Conseguir controlar a ansiedade durante o período é importante para evitar que as coisas fiquem fora do normal e fujam do equilíbrio.

“A ansiedade é fisiológica e é extremamente necessária para a nossa sobrevivência. Ela faz com que nos preparemos para lidar com situações desafiadoras, como a atual pandemia. Se não nos sentimos nem um pouco ansiosos perante essa situação, não nos protegemos. O problema é quando o nível da ansiedade está desregulado, perdendo a sua função protetiva e tornando-se prejudicial à saúde mental”, explicou a psicóloga Nicolle Sampaio.

Adultos e crianças agem de maneiras diferentes, mas todos precisam controlar a ansiedade para não atrapalhar a nova rotina diária de permanecer em casa. Dentro do ambiente, é importante buscar não ficar vendo notícias sobre o covid-19 toda hora, para não gerar excesso de preocupação e uma crise.

Separamos dicas e orientações para que adultos e crianças possam lidar adequadamente com a ansiedade durante o isolamento domiciliar.

Adultos

Segundo a psicóloga, primeiro é importante reconhecer as suas emoções e aceitá-las.

“Como vamos manejar uma emoção se não a identificamos? É importante reconhecer as emoções presentes e aceitar que é natural senti-las nesse momento. Fale sobre elas e busque apoio de seus amigos e familiares”, destacou.

Além disso, também é importante identificar os pensamentos relacionados ao aumento da ansiedade sabendo o que se passa na cabeça durante os momentos de pico de ansiedade e se você está fazendo projeções catastróficas.

“Pondere seu pensamento. Suas projeções e conjecturas estão respaldadas por dados reais? Você está se baseando em notícias confiáveis e em informações oficiais? Qual é a probabilidade real das suas previsões acontecerem? Esses pensamentos são úteis para você nesse momento? Eles estão exercendo alguma função produtiva?”, disse.

Para mandar os pensamentos ruins para longe, procurar se distrair e não ficar todo dia acompanhando as notícias são as principais recomendações. Faça coisas produtivas e fique entretido.

“Você pode aproveitar para arrumar aquele armário que está prometendo há meses, aprender online um novo idioma, ler aquele livro que te indicaram, mas você nunca teve tempo, assistir os filmes vencedores do Oscar, conversar com os amigos em redes sociais”, enalteceu.

Outro conselho da psicóloga é definir uma rotina enquanto se está no isolamento domiciliar.

“Defina horários para acordar, dormir, fazer alguns exercícios, botar trabalhos em dia. Dessa forma você manterá uma certa normalidade dentro desse cenário atípico e se sentirá mais útil e produtivo”, disse Nicolle.

Crianças

Para Nicolle, é importante ser sincero com as crianças sobre o que está acontecendo. Com a mudança na rotina, nas emoções em família e as visitas aos avós não acontecendo, elas precisam saber o motivo de estar em casa.

“É importante que elas sejam informadas sobre o que está acontecendo. A explicação deve ser compatível com a idade e deve buscar conscientizá-las que os adultos já estão manejando a situação, mas que elas devem ajudar com alguns pequenos comportamentos, como a higienização frequente das mãos”, explicou Nicolle.

Os adultos também devem escutar as crianças e validar as suas emoções. “Assim como é natural que os adultos se sintam ansiosos nessa situação, as crianças vão apresentar diversas emoções. As incentive falar sobre elas, as valide e ofereça apoio”, destacou. Por fim, para ajudar a ansiedade infantil, Nicolle fala que é preciso oferecer distração e diversão nos momentos em casa.

“Ofereça opções de entretenimento. Você pode incentivá-las a usar a criatividades oferecendo materiais para artesanato, unir a família através de jogos de tabuleiro, brincar de desfile com peças de roupas aleatórias. Há também uma grande variedade de opções online, desde jogos a visita virtual de museus internacionais. Tente tornar esse tempo ocioso em algo produtivo e divertido”, finalizou.