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Um em cada sete bebês no estado do RJ nasceu de mãe adolescente em 2018

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, dos 217.221 nascimentos, 31.863 foram de mães com idade entre 10 e 19 anos

Por Sara Schuabb
15/02/19 - 11:04
Um em cada sete bebês no estado do RJ nasceu de mãe adolescente em 2018 Cerca de 15% dos nascimentos no estado do RJ, em 2018, foram de mães adolescentes | Foto: Banco de Imagem

Considerada uma fase de transição entre a infância e a vida adulta, de grandes mudanças físicas e psicológicas, a adolescência é marcada por questões como a puberdade, preocupação com a carreira profissional e com a descoberta da sexualidade.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a faixa etária da adolescência é definida entre 10 e 19 anos. E muitas meninas, nessa fase, por falta de orientações e informação em relação à prevenção contraceptiva, acabam interrompendo o curso natural da vida com a gravidez, desencadeando inúmeras complicações como evasão escolar, reprovação familiar, gravidez de risco, aborto e discriminação social.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, no ano de 2018, dos 217.221 nascimentos, foram registrados 31.863 bebês de mães adolescentes, o equivalente a 14,67% do total.

O Rio considera a gestante como adolescente quando a menina tem entre 10 e 19 anos, assim como a definição oficial da OMS.

Juliana Vieira, assistente técnica de Odontologia e moradora de Nova Friburgo, na Região Serrana, diz que ficou grávida no dia de seu aniversário de 17 anos, quando estava no meio do 2º ano do ensino médio: “costumo dizer que comecei minha vida ao contrário. Minha família, que já não aceitava o namoro, não se conformou com a gravidez também. Meu pai parou de falar comigo por sete anos. Minha mãe decidiu me ajudar, então levei a gravidez à frente indo às aulas mesmo com pouco energia para isso. Voltei à escola 20 dias depois do parto. Fui muito bem aceita pelos amigos de turma e a escola e os professores foram parceiros, dando sempre uma forcinha. Não adianta ter informações se você não tem liberdade para usar. Todo mundo sabe que existe medicação. Mas os pais acham um absurdo se a filha fizer uso.”, diz.

Quanto à carreira, Juliana diz que a gravidez dificultou dar continuidade aos estudos. “Poderia ter investido em uma faculdade, mas aí já tinha uma criança para investir. As prioridades mudam. A gente fica por último. Fiz outro curso técnico, mas não consegui fazer a faculdade. Isso tudo já tem 22 anos e não consegui levar meus estudos para frente até hoje.”, conta.

Marina Sampaio, plantonista obstetra da Maternidade Dr. Mario Dutra de Castro, de Nova Friburgo, diz que tem visto um número cada vez maior de mulheres gestantes com menos de 16 anos e a preocupação é que, nessa fase, o corpo da mulher ainda não está pronto para gestação, então o útero não está completamente desenvolvido, o que acaba gerando um risco maior de partos prematuros.

“Isso onera todo o sistema, inclusive a parte psicológica. A gente acaba tendo gestantes internadas por meses, por conta desse final de gravidez, em que entram em trabalho de parto antes da hora. Além disso, essas gestantes não estão psicologicamente preparadas e têm um risco maior de alterações psicológicas durante e após o parto e temos, ainda, que pensar na parte social, pois é uma menina que não está pronta para cuidar de um bebê e muitas família não tem estrutura para segurar essa gravidez e essa criança depois que nasce.”

A médica diz que a maior preocupação são aquelas com menos de 14 anos, e, para ela, a gravidez ocorre por falta de conhecimento dessas meninas, das mães e das famílias quanto à anticoncepção.

“Muitas acreditam que o uso de anticoncepcional na adolescência vai trazer prejuízos no futuro. Hoje a gente sabe que bem utilizados e acompanhado por médico isso não é verdade, além da falta do uso do preservativo. A falta desse conhecimento, dessa educação sexual, é o que mais nos preocupa. A gente vê que, quando a menina chega gestante, ela nem sabia o que poderia ter feito direito.”

Além disso, chama atenção para a falta de cuidado dos jovens dessa faixa etária, como também na faixa de 20 anos, quanto ao uso de preservativo e o medo da AIDS e, por isso, também tem visto o crescimento de outras doenças sexualmente transmissíveis.

Inserir a prevenção no cotidiano sexual dos jovens é a melhor maneira de evitar a gravidez na adolescênciaInserir a prevenção no cotidiano sexual dos jovens é a melhor maneira de evitar a gravidez na adolescência | Foto: Banco de Imagem

Segundo a psicóloga Natércia Carneiro, na adolescência, é importante que os jovens sejam orientados sobre como incluir o sexo na rotina com prevenção.

“A adolescente nessa idade está estudando, em busca de sua carreira profissional, mas também está descobrindo sua sexualidade. E, se vier a engravidar, vai romper seu ciclo profissional, pois vai ter de dar atenção ao bebê. Uma criança passará a ser dependente dela, então ela vai acabar pulando uma etapa da vida porque a adolescência é um momento de troca de experiências. Então, neste período da vida, um aconselhamento psicológico pode ajudá-las a entender melhor seus sentimentos e a orientá-las sobre a descoberta da sexualidade, de que é possível incluir o sexo na rotina com prevenção. Quando não há apoio familiar, deve-se buscar apoio profissional para que não se interrompa este ciclo na vida.”, diz.

A secretária de Assistência Social de Nova Friburgo, Emmanuele Marques, diz que é importante manter o maior número de adolescentes informadas a respeito das consequências de uma gravidez precoce e também promover uma redução de gestações nesta fase por meio de planejamento de ações de prevenção no município.

“Pretendemos trazer para a realidade de Nova Friburgo oficinas educativas para famílias assistidas pelo programa Bolsa Família nos equipamentos como os Centros de Referência de Assistência Social - CRAS e estreitar as parcerias com as escolas a fim de ministrar palestras com maior frequência na rede municipal de ensino. Além disso, manter o apoio necessário às famílias de adolescentes que já passaram por uma gestação, reforçando sempre a importância da prevenção.”, afirma.

Dados sobre gravidez na adolescência na Região Serrana

Os dados da Secretaria de Saúde de Nova Friburgo, em 2018, apontaram que, no Hospital Maternidade Mario Dutra de Castro, houve 1.543 partos, dentre esses, 27 foram de adolescentes. Porém, o município considera a faixa etária de adolescente com idade entre 13 e 18 anos.

Em Teresópolis, a Prefeitura não soube informar os números de nascimentos referentes a 2018. Os últimos dados disponíveis são referentes aos anos de 2010 a 2015. Nesse período, o município, que leva em consideração a faixa etária de 16 a 24 anos, teve 13.669 nascimentos, sendo que 6.289 bebês nasceram de mulheres nesse período etário, representando uma média de 1.257 casos por ano.


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