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Um ano sem Marielle Franco

"Quantos mais precisam morrer?"

Por Conrado Werneck Pimentel
15/03/19 - 13:53
Um ano sem Marielle Franco Marielle Franco era vereadora do Rio e foi assassinada em 14 de março de 2018 | Foto: Reprodução/Internet

Há um ano recebemos, atônitos, a notícia de que Marielle Franco, eleita vereadora pelo Psol do Rio de Janeiro, havia sido assassinada, junto com seu motorista, Anderson Gomes. Atônitos, no mínimo, por perceber a gravidade do crime. Não só pelo atentado a duas vidas, mas principalmente pelo terror que inspira o silenciamento brutal que isso aparentava significar.

Contudo, todos os 13 tiros desferidos contra seu carro, absolutamente todos saíram pela culatra. A brutalidade que representou tal atentado, na verdade, inspirou, inspira e irá inspirar por tempo indeterminado tantas outras e diversas vozes que tentaram calar, na figura de uma representante democraticamente eleita.

Insinuações de adversários políticos de que a vereadora teria namorado um traficante, numa tentativa torpe de criminalizar a vítima - ou, de justificar sua morte - foram em vão ventiladas aqui e acolá. Outro ato de barbárie - dessa vez, sobre sua memória - em palanque político, figuras públicas vibrando com uma placa com seu nome, partida em dois, vibrando com urros de uma multidão que não vê que a morte de Marielle e a celebração da destruição de sua memória é, na verdade, um ataque frontal ao Estado Democrático de Direito.

O escárnio que é o uso de caixas de som com latidos de cachorro por seus opositores durante sessão de homenagem a ela na última quinta-feira, 14, é inominável. A falta de sentimento republicano e democrático destes é tacanha e evidencia sua desumanização.

Não se apercebem que conjurar mais armas nas ruas traz, acima de tudo, insegurança; não se apercebem que, um tecido social já suficientemente esgarçado poderá ser destroçado caso paire, de forma mais efetiva, a ameaça à liberdade de expressão e à atuação política, independentemente de serem dentro ou fora das instituições do estado; não se apercebem, mas alimentam tudo aquilo que dizem combater.

A morte de Marielle significou a perda de uma representante do povo, mas pode significar muito mais. É uma grande oportunidade de destrinchar as relações espúrias que existem entre o estado do Rio de Janeiro com o crime organizado. Outrora já elevadas a certo tipo de policiamento comunitário e, por alguns, enaltecidas, as milícias são parte inexorável do mecanismo de corrupção dentro do estado do Rio, e principalmente, dentro da Polícia Militar, além da manutenção da violência urbana, tanto a física quando a simbólica. Os desdobramentos possíveis - porém, duvidosos - de que se chegue aos mandantes do crime e, posteriormente, o desmonte de tal organização, seria um grande avanço civilizatório para o Estado brasileiro.

Aqueles que relativizam ou minimizam a morte de Marielle, numa tentativa de banalizar esse acontecimento, gastarão suas energias em vão. Outros que tentarem fazer de sua morte algo comum, o mesmo. Fato é que sua morte foi um marco e cabe a nós fazer com que suas lutas não tenham sido em vão e que encampemos tantas outras quanto forem necessárias para que esse tipo de acontecimento não volte a abalar o Estado Democrático de Direito. Posto que sua manutenção não basta, há de se fazer seu aprofundamento nas estruturas da sociedade brasileira.


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