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Mulheres criam lista para denunciar supostos crimes sexuais em Nova Friburgo

Nomes dos possíveis envolvidos circulam pelas redes sociais com acusações de crimes como estupro e assédio sexual; 151ª DP abriu inquérito nesta quarta, 3, para apurar o caso

Por Matheus Oliveira
03/06/20 - 14:13
Mulheres criam lista para denunciar supostos crimes sexuais em Nova Friburgo Lista que associa nomes de diversos homens à prática de supostos crimes sexuais circula por meio de grupos de WhatsApp | Foto: Banco de Imagem

Uma lista divulgada nas redes sociais, ontem, 2 de junho, por mulheres de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, associa nomes de diversos homens, que seriam da cidade, à prática de supostos crimes como assédio sexual, verbal, estupro, agressão, além de abusos em relacionamentos e vazamento de fotos íntimas.

O movimento teve origem no Twitter com a hashtag #exposedcg20, que denuncia supostos casos de assédio em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. O tema ganhou proporção nacional e chegou aos assuntos mais comentados da rede social, na última terça-feira.

Inspiradas na ação, mulheres de Nova Friburgo divulgaram a lista local por meio de grupos de WhatsApp e através de um perfil no Twitter.

A reportagem falou com uma das supostas vítimas que preferiu não se identificar. Ela conta que teria ficado com um dos homens que consta na lista, no Carnaval do ano passado. Contudo, o crime de assédio teria ocorrido na folia deste ano, quando eles se reencontraram.

“Eu não denunciei à polícia por dois motivos. Primeiro, eu demorei umas duas ou três semanas para perceber que a situação era grave e só me dei conta quando um tweet dele apareceu na minha timeline, e eu tive uma crise de ansiedade. Segundo, porque além de não ter provas, já que meus amigos que estavam por perto não viram acontecer, ele, provavelmente, não se lembra, porque estava muito bêbado, por mais que isso não justifique”, afirma.

A mulher relata como teria ocorrido o assédio. “Ele veio falando comigo coisas bem nada com nada e eu não estava entendendo, e me esquivei tentando puxar assunto com outras pessoas, o ignorando. Só que ele não ia embora, e eu pensei que ele só estava bêbado, sendo chato, tentando puxar papo. Só que quando achei que ele ia embora, ele passou a mão em mim. E a gente vive tantas coisas do tipo que acaba normalizando e não se dando conta do quanto essas coisas são invasivas”, revela.

Ela conta que soube da lista através de uma amiga e que outras pessoas já haviam presenciado situações da mesma natureza com o homem acusado. “Eu tive muitos conflitos internos, mas resolvi procurar as meninas do grupo e abrir isso, porque vem de quem a gente não imagina”, relata.

Uma outra integrante do grupo, que também preferiu não ser identificada, diz que já sofreu assédio de um dos rapazes indicados na lista. Ela diz que, muitas vezes às vítimas não são ouvidas ou acolhidas, e destaca que o que motivou a decisão de publicar a lista com os nomes foi a necessidade de dar um basta às práticas criminosas.

“Infelizmente, muitos homens da lista são pessoas conhecidas, não só para mim, mas como por toda a cidade, alguns nomes eu jamais poderia imaginar”, diz.

151ª DP abre inquérito para investigar o caso

Em publicação feita nesta quarta-feira, 3, em uma rede social, a 151ª Delegacia de Polícia de Nova Friburgo alerta que a mídia social não é o canal adequado para informar a eventual prática de crimes, sobretudo quando se refere de forma aleatória a nomes de supostos envolvidos.

De acordo com o delegado Henrique Pessoa, “a prática é nociva e temerária, podendo implicar em crime da parte daqueles que veiculam, sem esquecer que os ali nominados podem vir a sofrer retaliações graves e inaceitáveis".

O delegado afirmou ainda que determinou a instauração de inquérito policial para apurar a divulgação da "relação de supostos agressores sexuais", visando apurar as devidas responsabilidades.

"Caso provada a autoria dos fatos alegados, o fato será encaminhado à Deam-NF e caso não haja consistência nas acusações, os acusadores e as administradoras do perfil responderão por crimes contra honra e outros porventura cabíveis. Reitero que a divulgação em mídia social é medida deveras temerária, podendo inclusive as responsáveis pelo perfil vir a ser responsabilizadas por fatos mais graves que possam ocorrer, sem deslembrar de consequências cíveis reparatórias. Informe de crime deve ser feito na delegacia”, declara.

A reportagem do Portal Multiplix procurou a Delegacia de Atendimento à Mulher de Nova Friburgo que ainda não tinha registro de ocorrência sobre o caso.

“Não chegou nada para a Deam. E a princípio, uma lista só não motivaria um registro de ocorrência. Deve se ter muita cautela com essas publicações”, declara o chefe da Deam de Nova Friburgo, Leopoldo Goulart.

Como denunciar crimes sexuais

A advogada friburguense Jeanne Faria afirmou ao Portal Multiplix que o procedimento a ser adotado por vítimas de qualquer um dos crimes citados deve ser realizar um boletim de ocorrência, online ou presencial, na delegacia, podendo, também, pedir medida restritiva.

A também advogada Milena Gomes, reforça a orientação de Jeanne, destacando que o melhor caminho para as vítimas de crimes sexuais é denunciar pelos meios legais.

Em Nova Friburgo, a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) fica na avenida Presidente Costa e Silva, 1.051, no 3º andar, no bairro Vila Nova. Os telefones para atendimento são (22) 2533-1852 / 2533-1694.

Já o Centro de Referência da Mulher (Crem), órgão vinculado à prefeitura e que também recebe denúncias de abusos, fica na avenida Alberto Braune, 223, no Centro. O telefone para contato é (22) 2522-9226.

Também é possível fazer denúncias à ONG friburguense Tecle Mulher, por meio do telefone (22) 3016-1313 ou pelo email teclemulher@teclemulher.com.br.


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