Tire suas dúvidas sobre a epidemia do vírus influenza que atinge o estado do RJ
Infectologista de Teresópolis fala sobre a nova cepa Darwin, a importância da vacinação e quem pode se imunizar
21/12/21 - 09:52
Ainda em meio à pandemia do novo coronavírus, algumas regiões do Brasil vivem uma epidemia de gripe influenza, inclusive o Rio de Janeiro. Na Região Serrana, municípios vêm incentivando os cidadãos a se vacinarem.
Tal situação gerou várias dúvidas na população como quais vírus circulam no país, o que é a variante H3N2, se a vacina protege contra a nova cepa e a importância da imunização.
Para sanar esses e outros questionamentos, a reportagem do Portal Multiplix entrevistou a infectologista Edneia Martuchelli, atual Subsecretária de Atenção Primária à Saúde da Prefeitura de Teresópolis. Confira abaixo:
- Quais são os tipos de vírus da influenza existentes?
Edneia Martuchelli: Surgido em Hong Kong na década de 1960, o vírus influenza A sofreu uma nova mutação na Austrália este ano, suficiente para aumentar os atendimentos nos prontos-socorros e internações nos hospitais do Rio de Janeiro e, em seguida, afetou outros municípios. A cepa foi batizada de Darwin em referência à cidade em que ela foi sequenciada.
- Quais são os vírus em circulação no Brasil?
Edneia Martuchelli: Existem três tipos de vírus influenza circulando no Brasil: A, B e C. O tipo C causa apenas infecções respiratórias brandas, não possui impacto na saúde pública e não está relacionado à epidemia. Já os vírus da influenza A e B são responsáveis por epidemias sazonais, sendo o vírus influenza A responsável pelas pandemias que ocorrem de tempos em tempos. A vacina contra a gripe ofertada no Sistema Único de Saúde (SUS) protege contra as influenzas A e B.
- A H3N2 é uma variante do vírus influenza?
Edneia Martuchelli: Há vários subtipos e o tipo influenza A tem como subtipos H1N1 e H3N2.De tempos em tempos, ocorrem grandes mudanças nos vírus, como a que provocou a pandemia que ocorreu em 2009 com o H1N1, e também acontecem pequenas variações de um ano para o outro que fazem com que ele não seja tão bem reconhecido assim pelo nosso sistema imunológico, tornando a vacina do ano anterior menos eficaz.
- Quais variantes estão em circulação em Teresópolis?
Edneia Martuchelli: Atualmente, temos a variante H3N2 e a H1N1, conforme algumas amostras colhidas e enviadas ao (laboratório) Lacen-RJ. Darwin é uma variante do subtipo H3N2 que, no momento, causou a epidemia de gripe fora da sazonalidade da doença.
- A atual vacina da gripe protege contra a variante Darwin?
Edneia Martuchelli: Como os vírus influenza passam por mais mutações do que o coronavírus, as vacinas precisam mudar todos os anos para garantir eficácia. A vacina contra a gripe usada no Brasil já tem em sua composição a H3N2, mas não se trata da variante Darwin, a que agora circula. Desde que a variante foi encontrada, a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda uma nova formulação para as vacinas contra a gripe que serão aplicadas em 2022, agora com a H3N2 Darwin. Mesmo assim, a vacina à disposição ajuda a pelo menos reduzir hospitalização. A vacina oferece resposta imunológica e é importante, mesmo nesse caso.
- Por que é importante se vacinar?
Edneia Martuchelli: Mesmo que não proteja (contra a variante Darwin), é importante se vacinar: a vacina atual contra a gripe apresenta baixa proteção contra a nova cepa, mas, para o ano que vem, a vacina já está sendo elaborada levando em consideração a variante. Porém, há provas de que (que tomar a dose atual) reduz a hospitalização e a letalidade pela doença.
- Quem pode se vacinar e quais são os postos de vacinação em Teresópolis?
Edneia Martuchelli: Crianças acima de seis meses, idosos acima de 60 anos, gestantes e imunodeprimidos são grupos prioritários para a vacinação. Nesse momento, há oferta da vacina em todas as unidades de saúde da Atenção Primária à Saúde da cidade.
- Quantas pessoas já foram infectadas pela nova cepa da influenza em Teresópolis?
Edneia Martuchelli: Dos exames realizados na cidade e encaminhados ao Lacen-RJ, tivemos 20 casos positivos para influenza A. No momento, temos três pacientes internados no Hospital São José e oito no Hospital das Clínicas de Teresópolis Costantino Ottaviano (HCTCO). Os casos de influenza só são notificáveis em caso de Síndrome Respiratória de Angústia Aguda (SRAA).
- A pessoa que já tomou a vacina da Covid-19 pode receber a vacina da gripe? Existe algum intervalo para receber os imunizantes?
Edneia Martuchelli: Pode receber todos os dois. Não há intervalo entre as doses.
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