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Janeiro Branco: você não está sozinho

Em meio à pandemia, é preciso cuidar ainda mais da saúde mental

Por Paula Winter
29/01/21 - 16:17
Janeiro Branco: você não está sozinho Mês é dedicado à importância e a cultura da saúde mental | Foto: Reprodução/Campanha Janeiro Branco

Pare, feche os olhos e respire, profundamente. Essa é apenas uma dica para tentar frear os pensamentos, controlar a ansiedade e diminuir tantos outros problemas que provavelmente estão acontecendo agora. Ainda mais em uma pandemia. Mas existe algo que realmente pode ajudar: o cuidado com a saúde mental.

Esse é o objetivo da campanha Janeiro Branco, além de alertar para a importância do tema. A iniciativa foi criada em 2014 por um grupo de psicólogos de Uberlândia, em Minas Gerais, e se espalhou pelo Brasil. Mas por que janeiro?

“Porque, no primeiro mês do ano, em termos simbólicos e culturais, as pessoas estão mais propensas a pensarem em suas vidas”, informa a nota da campanha. Um convite a desenvolver metas, objetivos, priorizando o bem estar e o cuidado integral do indivíduo.

Em 2021, a 8ª edição busca fazer um pacto pela saúde mental em meio à pandemia da Covid-19, com o lema “Todo Cuidado Conta”. O psicólogo friburguense Sávio Emmerick explica como minimizar os impactos causados por esse período atípico.

“A pandemia interditou as possibilidades de socialização, lazer e a própria vida como conhecíamos. Além disso, estamos lidando com um excessivo tédio. Usar a rotina como aliada associando à prática de exercícios físicos, meditação, alimentação saudável e momentos de lazer pode ajudar a minimizar os impactos. Precisamos também encontrar alternativas para a socialização, as redes sociais, nesse sentido, podem encurtar essa distância”.

E a rede social também serve como alternativa para fazer todo cuidado contar e mais pessoas terem acesso à ajuda. De acordo com dados do GetNinjas, maior aplicativo para contratação de serviços da América Latina, houve um aumento de 49% na busca por atendimentos psicológicos desde março de 2020. Já o Conselho Federal de Psicologia (CFP) registrou, somente entre março e abril do ano passado, 51.747 novos pedidos para psicólogos trabalharem online.

A procura surpreende e anima, mas também escancara números preocupantes. O Brasil é o 2º país do continente americano com o maior número de pessoas depressivas (equivalente a 5,8% da população), estando atrás somente dos Estados Unidos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Apesar das campanhas e de toda informação disseminada, ainda existe resistência por parte de algumas pessoas em procurar ajuda especializada. Muitos iniciam o tratamento quando o quadro se agrava e causa prejuízos na vida prática e social. Contudo, sinto que caminhamos para uma mudança nesse cenário”, afirma o psicólogo. Ainda segundo Sávio Emmerick, para realmente mudar este cenário e derrubar o estigma e o preconceito acerca do tema é preciso entender a importância da saúde mental e identificar os sinais de alerta.

“Vivemos em uma época de grande valorização da saúde física. No entanto, a saúde mental sempre é colocada em segundo plano. A saúde não pode ser fragmentada, precisamos criar um olhar integrador, produzindo uma conexão entre corpo, mente e existência”, comenta antes de completar.

“Primeiramente eu diria para prestar atenção aos sinais dados pelo próprio corpo. Se você sentir que houve prejuízo em sua vida prática, que está sem condições de gerir os próprios sentimentos ou que os sintomas estão afetando o seu corpo, talvez seja o momento de procurar ajuda de um psicólogo”.

Quem diria que viver um momento histórico seria tão desgastante. Mas a pandemia, em breve, vai passar. Enquanto isso, cuide-se, não só no Janeiro Branco. Procure ajuda de um profissional, seja em atendimento online, no Centro de Referência da Assistência Social (Cras) da sua cidade ou no Centro de Valorização da Vida (CVV).

“Estamos vivendo um momento delicado mundialmente, mas a Logoterapia nos ensina que podemos encontrar sentido mesmo diante do sofrimento. Busque ajuda! Depressão não é frescura. Saúde mental importa e deve ser priorizada. Você não está sozinho!”, finaliza.

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