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Resiliências do Dia a Dia

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Por Hamilton Werneck
03/01/19 - 09:48

O conceito de resiliência surge dentro da engenharia, saltando, posteriormente, para o campo da psicologia como um assunto transdisciplinar.

Os engenheiros perceberam que poderiam economizar energia na medida em que aproveitariam a mesma tomada que alimentava um refrigerador para fazê-lo aquecer um ambiente próximo.

Durante o ensino médio, quando nosso professor de física aplicou sobre uma régua de plástico uma luz polarizada, verificamos os pontos de estresse dessa régua e pudemos definir por onde ela começaria a quebrar-se. A resiliência cuida desse tipo de estresse de materiais variados. Quando submetido a uma determinada pressão, uma viga metálica ou de concreto pode não voltar mais à sua condição de origem ou mesmo partir-se, como ocorreu com uma importante ponte próxima ao aeroporto de Gênova, na Itália, em agosto de 2018. Por isso, os engenheiros estudam uma disciplina e fazem muitas experiências sobre resistência e fadiga de materiais.

Mas, como tal conceito saltou para o campo da psicologia e relações intrapessoais e interpessoais? Diz-se, então, que resiliência é a capacidade que uma pessoa tem de voltar ao seu estado de equilíbrio psicológico após um estresse.

Consideraremos, a seguir, a resiliência na prática diária da vida das pessoas, analisando casos simples, porém de alto significado.

Certamente o leitor já ouviu falar nos fogões à lenha das antigas casas de fazenda e quase todas as casas das áreas urbanas de um século atrás. Pois bem, estes fogões eram um exemplo de resiliência porque a mesma energia exercia muitas funções diferentes e benéficas: sendo o calor obtido pela queima de lenha, este equipamento doméstico servia para o cozimento dos alimentos e, ao mesmo tempo, como uma lareira, aquecia todo o ambiente. Usando-se o sistema de serpentina, mantinha a caixa d’água com água quente distribuindo-a por toda a casa. Além disso, a caldeira era alimentada com água a uma temperatura próxima da ebulição, permitindo iniciar o cozimento de qualquer alimento ou preparar um café imediatamente. Quando os alimentos precisavam ser mantidos aquecidos, havia uma estufa que, após o uso do fogão, servia para secar alguma lenha úmida. Não é necessário dizer que esse fogão era o encarregado de defumar linguiças, sem esforço do cozinheiro. Como se vê, uma única fonte de energia era capaz de desencadear uma série de serviços. Este fogão tinha uma alta capacidade de resiliência.

Se formos para uma rodovia e olharmos a atividade dos caminhoneiros, encontramos aqueles que, graças à aplicação do conceito, ganham tempo e dinheiro. Ele deixa uma cidade ao sul, transportando geladeiras para o nordeste brasileiro e retorna com seu veículo carregado de cocos. As áreas de “remonta” nas rodovias permitem que um veículo transporte outro em sua carroçaria, evitando o dobro do gasto de combustível.

A resiliência pode ser notada em atividades muito caseiras: uma dona de casa que aplique o conceito de resiliência leva a roupa para ser exposta ao sol e secar, imediatamente recolhendo as que estavam secas para serem passadas. Desenvolve duas atividades no mesmo deslocamento. Não faz viagem de mãos vazias. Por isso, uma dona de casa acaba mais cedo o serviço doméstico, enquanto outras demoram muito mais.

Quantas vezes, numa cidade de inverno rigoroso, usa-se o forno para aquecer os alimentos, aproveitando-se o restante do calor, com a porta aberta, para aquecimento do ambiente? Podemos observar que uma secadora de roupa, com o uso da mesma energia, enquanto seca as peças dentro dela, pode ter o ar aquecido, que sai de seu interior, usado para aquecimento de algum ambiente.

A resiliência pode ser puramente material, poupando energia e racionalizando seu uso. Mas, esta mesma resiliência atinge as pessoas em seu interior, em seu mundo psicológico.

O tempo que uma pessoa leva para recuperar-se de uma cirurgia e retornar à sua situação de equilíbrio interior depende de maior ou menor resiliência. Algumas buscam ajuda, outras já a possuem dentro de si. Por isso, alguns dizem que, em casos de maior dificuldade no desenvolvimento da resiliência, para voltar ao equilíbrio anterior, três coisas ajudam: música, natureza e pessoas. A sabedoria em buscar o retorno mais rápido ao equilíbrio não independe de ajuda externa. A busca da ajuda é sinal de reconhecimento dos limites de cada um e, portanto, do conhecimento de sua própria capacidade de maior ou menor resiliência.

Numa sociedade conturbada pelos medos líquidos, pelo desenfreado consumismo, pelas decepções geradas por desatinos humanos, a resiliência tornou-se uma necessidade a ponto de ser condição para um bom profissional manter a sua empregabilidade.

Se você engolisse as suas palavras, seria alimentado ou envenenado? Suas palavras refletirão resiliência enquanto forem alimento. O mundo em que vivemos é pouco resiliente porque ele instiga o ser humano a amar coisas e comprar gente.

Como se vê, resiliência é também uma questão de decisão pessoal ao escolher os caminhos.


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