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Obra sustentável que já foi cenário de show de Adriana Calcanhotto é destaque de exposição em Friburgo

Artista plástica Mana Bernardes abre a mostra e também faz palestra gratuita na Usina Cultural

Por Nai Frossard
05/08/22 - 16:04
Obra sustentável que já foi cenário de show de Adriana Calcanhotto é destaque de exposição em Friburgo A obra de Mana Bernardes no cenário do show de Adriana Calcanhotto | Foto: Acervo/Mana Bernardes

Mana Bernardes é conhecida pelo talento, criatividade e ativismo, principalmente nas causas ambientais e feministas. Ela é a convidada especial da exposição UniDiverso, em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio.

Com uma veia artística que vem de berço – ela é neta do arquiteto Sergio Bernardes, filha do cineasta Sergio Bernardes Filho e da poeta e socióloga Rute Casoy, irmã do músico Pedro Bernardes, tia de Mano Wladimir – filho de Pedro com Marisa Monte – e ex-mulher do músico Marcelo Jeneci, com que tem uma filha, Rara.

Talentos múltiplos, artes plásticas, música e poesia fazem parte do mundo de Mana, desde que nasceu.

Mana e sua filha RaraMana e sua filha Rara | Foto: Reprodução/Rede Social

E quando era ainda criança, a artista plástica carioca de 40 anos teve as primeiras inspirações do que seria o fio condutor de seu trabalho: 'Sustentabilidades' – no plural, como ela gosta de ressaltar.

O conceito de reaproveitamento de materiais surgiu com a Mana de apenas sete anos, quando visitou uma aldeia indígena com os pais. Na época, ela começou a produzir colares com restos de materiais e, aos 14 anos, já dava aulas em ONG's no Rio de Janeiro.

Mana Bernardes transforma lixo em obra de arteMana Bernardes transforma lixo em obra de arte | Foto: Acervo/Mana Bernardes

A ligação da artista com Friburgo também é antiga, e faz parte da formação dela, onde conviveu na infância e adolescência com os primos e a tia Lucia Casoy, e até hoje guarda as lembranças preciosas que deixam um gosto em cada pedaço da narrativa que ela carrega. "Minha palestra existe para mostrar para cada pessoa que a coragem de criar determina uma passagem melhor no mundo."

Na exposição, Mana vai exibir uma obra circular de dois metros, feita com 500 garrafas pet. A mostra, que abre às 17h nesta sexta-feira, dia 5, terá trabalhos de dez jovens de Friburgo, na Usina Cultural Energisa, e é o resultado de dez meses de residência artística no Projeto Resistência.

Neste sábado, dia 6, Mana vai fazer uma palestra aberta ao público, a partir de 15h, para falar sobre criatividade e sua trajetória artística.

O poder de transformação é a joia de ser humano.

O lixo, no ateliê da artista, é material nobre com inúmeras possibilidades de criação. Na visão da artista, é exatamente essa ação transformadora que o ser humano é capaz de ter, a verdadeira joia que uma pessoa pode ter nas mãos. Essa é uma das mensagens de Mana Bernardes.

Durante alguns anos, a artista produziu joias com materiais plásticos, como garrafa pet. E essa obra que está exposta em Friburgo, também usada num show da cantora Adriana Calcanhotto, é uma joia gigante, como a própria artista define.

A obra de Mana está presente nas artes plásticas e traz mensagem de  sustentablidadeA obra de Mana está presente nas artes plásticas e traz mensagem de sustentablidade | Foto: Acervo/Mana Bernardes

É uma joia agigantada, uma peça que tem um ciclo de reciclagem maior. Eu recuperei 500 garrafas pet que viraram uma grande obra, de um cenário para um projeto chamado 'Outras ideias pro Rio'. Fiz tramas com esse material há seis anos e coloquei em cima de uma instalação de bambu. Em cima, eu fiz uma trama mais fininha e a obra já tem um circuito longo de tempo e faz parte de um projeto chamado 'Mulher Reciclagem', um circuito de ações que faço com esse trabalho, dançando. Esse trabalho é circular e pode virar uma saia que uso para fazer essas performances.

A obra de dois metros de tramas, feitas com material plástico, traduz a poética de Mana Bernardes. Ela explica que o trabalho dela é a construção de uma narrativa através de imagens simbólicas, de geração de conteúdo, de pensamentos, de objeto e de obras, só usando lixo.

Esse material tem uma simbologia como obra de arte e tem um viés político. O lixo é um problema mundial muito grave e precisamos de políticas públicas com relação ao lixo. Nessa obra eu evitei que 500 garrafas pet chegassem ao oceano, eu estou valorizando o trabalho artesanal que é sustentável e a cada dia está mais escasso, porque estamos vivendo um momento onde tudo é industrializado.

Mana é multiartista e faz performancesMana é multiartista e faz performances | Foto: Acervo/Mana Bernardes

Mana explica que as tramas da obra, feitas com pulseiras de pet unidas uma a uma, vão além da técnica de produção. “Chamo esse trabalho de tramas relacionais, porque existe uma transparência, uma localização e movimento, do que está dentro e fora, de uma maneira sutil”.

Eu tenho uma função de atuar no designer comportamental, que é desenhar processos e objetos que possam ser eficientes nesse sentido. Transformo lixo em obras de arte e joias e, mostro muitos aspectos de sustentabilidades, no plural mesmo, porque elas são plurais. Isso inclui desenhar uma sapateira que fala para pessoa tirar o sapato antes de entrar em casa ou desenhar um outro móvel para colocar frutas, raízes e legumes, mostrando que não precisamos guardar tudo na geladeira.

Mana ressalta a necessidade da reciclagem e da importância de repensar o consumo: dos alimentos, das sacolas plásticas e dos consumos básicos da existência de cada pessoa. “Não temos uma lei sobre o lixo que geramos e isso não é justo nem honesto com o nosso planeta. Temos que ser mais autossustentáveis e defendo a criação de um ministério só para cuidar do lixo: um ministério que estabeleça uma legislação sobre o destino das embalagens.

Não temos o direito de ainda usar tanto lixo na face da terra. Não cabe mais lixo no planeta e os oceanos estão lotados.

O lixo que nas mãos da artista se transforma em arte pode ser visto em muitos projetos de arte, em museus, shows, dvds, além de coleções que desenvolve, de móveis e utilitários.

Mana Bernardes expõe em galerias e museus no Brasil e exterior, incluindo coletivas nos museus MAD Museum (Nova York), Fondation Cartier (Paris), e Museu Nacional (Brasília). Sua linha de joias circulou em lojas de museus como MoMA, MAR e Inhotim.

A artista multifacetada que é joalheira, designer, poeta e artista plástica tem uma marca pessoal em sua caligrafia, presente em muitos trabalhos. Sua grafia própria tem letras desenhadas e estampadas em paredes e papéis especiais, móveis e objetos de cozinha, roupas e sapatos e, até, na pele das pessoas. Muitas pessoas já tatuaram em seus corpos as poesias de Mana. Seus manuscritos têm muitos admiradores, como Arnaldo Antunes:

O resultado é que o verbal se poetiza por meio do código visual. Não é uma poesia em versos. Tampouco reproduz o não verso dos concretos. Não é só prosa, apesar de ter narrativa. Não tem estrofes, métrica ou pontuação. Manchas de discursos se moldando aos limites materiais do papel. E, no entanto, se faz poesia, sim.

Mana tem grafia especial que ela cria seus manuscritosMana tem grafia especial que ela cria seus manuscritos | Foto: Reprodução/Rede Social

De origem polinésia, o nome da artista - Mana - significa “magia dos objetos”. Mas ela vai além do que pode fazer com o material de suas obras:

Ser artista pra mim é estar comprometido com uma linguagem e ter uma mensagem pra passar. Eu estou comprometida com a minha expressão, cada vez mais com o feminismo e com a importância de ser uma mulher autora, de ter uma autoralidade no mundo porque o trabalho autoral ainda é muito comprometido com os homens. Ser artista é ter uma mensagem e o que mais simboliza o meu trabalho é o poder de transformação como a maior riqueza do ser humano.

"O poder de transformação é a joia de ser humano""O poder de transformação é a joia de ser humano" | Foto: Acervo/Mana Bernardes

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