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O reflexo da pandemia na cirurgia plástica

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Por Glauco Rocha
16/04/20 - 14:42

O mundo encontra-se neste momento em um dos períodos mais preocupantes e assustadores de sua história, ameaçado por um inimigo INVISÍVEL com altíssimo índice de transmissão e contágio, o denominado COVID-19 ou Novo Coronavírus.

Trata-se de um vírus cujo mecanismo de ação e multiplicação, ainda não foi totalmente desvendado e, portanto, ainda não há vacinas e um tratamento definitivo e perfeitamente definido, o que coloca os agentes de saúde, principalmente os médicos diante de várias dúvidas e incertezas.

Não sou epidemiologista ou infectologista, porém como médico e cirurgião plástico, tenho vários anos de prática cirúrgica que proporcionaram em decorrência, extensas e rigorosas noções de assepsia e antissepsia que são regras básicas em nossa área de atuação. Uma destas regras básicas que aprendemos, é que a medicina ideal é a medicina preventiva, e devido a isto, diante deste contexto de enfrentamento ao Covid-19, com tantos questionamentos e sem um caminho definido a ser seguido, fico sensibilizado, preocupado e solidário aos colegas atualmente em atendimento em postos de saúde, emergências e centro de tratamento intensivo, em contato direto com os pacientes.

Entendo perfeitamente a responsabilidade e a situação de stress a que estão submetidos estes colegas, tendo em vista ter atuado durante muitos anos em plantões na emergência e em sobreavisos de cirurgia. Atualmente todo o meu tempo disponível é dedicado à minha clientela privada e aos usuários da Unimed – NF!

O grande temor da comunidade médica é que devido à grande capacidade de contaminação deste vírus, possam ocorrer um contágio de muitas pessoas ao MESMO TEMPO (ápice da pandemia), principalmente pacientes necessitando de internação hospitalar, ultrapassando o número de leitos hospitalares disponíveis, provocando um COLAPSO na rede hospitalar.

Como resultado levaria a aquela situação, que é o pesadelo de qualquer profissional de saúde, a chamada ESCOLHA DE SOFIA na qual caberia ao médico a decisão de escolher o paciente a ser internado, com mais chances de sobrevivência.

Esta virose apresenta etapas distintas e que podem induzir a diagnósticos duvidosos, pois permite pacientes contaminados, mas assintomáticos, estágio mais leve com sintomas semelhantes a estados gripais mais comuns. Porém, nos seus estados mais graves, pode levar à Síndrome Respiratória Aguda, cuja representação através de imagens, só é visualizada pela Tomografia Computadorizada, acessível somente a quem tem planos de saúde ou encontra-se hospitalizado.

Nós sabemos que somos um país de terceiro mundo no qual a grande maioria de nossa população não tem acesso a estes recursos.

Diga-se, ainda que os exames laboratoriais que conseguem detectar esta doença são específicos e mais caros e os testes para diagnósticos também são poucos e em número insuficiente para a quantidade de contaminados.

Não devemos esquecer que estamos enfrentando um microrganismo até então desconhecido, sem tratamento totalmente comprovado e sem vacina, um quadro que encontrou a estrutura médica hospitalar de todos os países do planeta totalmente despreparada e desprevenida, para uma pandemia desta magnitude.

Quem seria capaz de apostar que algum dia a nação hegemônica em economia, tecnologia, militar e porque não dizer também na área médica, estaria passando pela sua situação atual, considerado por muitos como o atual epicentro da doença com números recordes de infectados e óbitos, como é o caso dos Estados Unidos da América.

Muitos interpretam estas situações catastróficas como lembranças à humanidade de que seres humanos são todos iguais, pois, independentemente de raça, gênero, religião e condições socioeconômicas, esta doença não difere pobres de ricos, afetando a todos indiscriminadamente.

A forma de prevenção desta patologia mais eficaz no momento é então a reclusão social, que, no entanto, gera graves problemas na área econômica, pois a população em restrição domiciliar, não trabalha, não produz e não gera receita, podendo levar então a um colapso na economia mundial. O que fazer diante desta situação conflitante? Este é o “dilema” que os governantes de todos os países do planeta estão se defrontando!

Como o foco desta crise é na área de saúde através de uma pandemia, todo médico por doutrinamento e pensamento acadêmico, tende a inclinar-se por medidas técnicas e científicas e por protocolos de soluções e tratamentos comprovados e de consenso, mas que infelizmente ainda não foram estabelecidos. Existem vários estudos e pesquisas em curso, em ritmo acelerado, que se mostram promissores, porém sem total definição. Podemos citar o tratamento com o uso da Hidroxicloroquina + Azitromicina (associados também a Zinco e Vitamina D), cujos relatos de êxitos são animadores. Contra si, tem esta associação medicamentosa, efeitos colaterais fortíssimos, principalmente no tocante a arritmias cardíacas, que poderiam representar em alguns casos perigo maior, do que a virose. Este receio em relação ao custo benefício, mais uma vez recai sobre os ombros do médico a decisão.

Isto provoca dúvidas dilacerantes no médico assistente, pois é dele a decisão, ele é quem assina e carimba.

Deve haver por parte da população muita compreensão na situação do médico. Não esqueçamos que a ciência médica é INEXATA, e que o ser humano como ser imperfeito, está sujeito a fatores imprevisíveis e imponderáveis, não sendo, portanto, decisão matemática.

Por outro lado, a situação econômica afeta a todos, e posso exemplificar a situação dos cirurgiões. Atualmente em nossa cidade, estão suspensas todas as cirurgias eletivas e nós como cirurgiões, fomos fortemente afetados por este contexto, pois sem operar, não produzimos, e não temos como conseguir receita. Tenho usado minhas reservas, mas, estas vão se esvaindo com o tempo.

Mas, e o trabalhador informal, que não tem reservas, como fazer? Em função disto, rezo a Deus que dê aos nossos governantes, que sejam sábios e equilibrados em suas decisões para o bem do povo e do país.

O povo brasileiro tem dado vários exemplos de criatividade e de solidariedade.

Volto a citar exemplos na minha área de atuação, de várias pacientes, que querendo manter seus sonhos de uma cirurgia com o objetivo de um melhor contorno corporal, propuseram o parcelamento de sua cirurgia até que sejam autorizadas as remarcações ou estão depositando um sinal, com o compromisso nosso de não haver alteração nos custos com a equipe médica até 12 meses a partir destas.


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