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O que está em jogo nas Eleições Municipais?

Campanhas que estiverem descoladas da realidade da cidade estarão fadadas ao fracasso

Por Conrado Werneck Pimentel
16/09/20 - 09:46

Antiga Estação de Trem, comprada pela prefeitura, em 1968. A cidade não é mais a mesma e nem voltará a ser. Antiga Estação de Trem, comprada pela prefeitura, em 1968. A cidade não é mais a mesma e nem voltará a ser. | Foto: Reprodução/IBGE

Em breve, seremos compelidos a definir o futuro de nossas cidades por mais quatro anos. Teremos muitas opções. Algumas irão se basear em um tipo de política baseada em costumes, outros em moralismos, outros em eficiência. Mas a pergunta mais importante dificilmente será respondida: como resolver os problemas cotidianos do cidadão comum? Emprego, saúde e educação de qualidade, valorização dos servidores públicos, fomento de atividades culturais, segurança, mobilidade urbana e sustentabilidade. A política, quando movida por interesses comuns de toda a população, tem maiores chances de se aproximar da realidade dura do cotidiano das pessoas; quando movida por sentimentos de aventura ou de heroísmo é mais propícia a ser um amplo fracasso. As mais recentes experiências em âmbito municipal, estadual e federal demonstram isso. O caos nas secretarias e Ministério da Saúde em plena pandemia é um bom exemplo de onde estes sentimentos podem nos levar como sociedade e seus impactos diretos.

A política real é aquela que lida com o conflito de interesses, que busca a resolução de uma disputa através do consenso. As políticas municipais são, no fundo, a mais importante esfera política de um país. Afinal de contas é nas cidades – ou simplesmente as diferentes concepções de regiões administrativas – que a vida das pessoas acontece. É nas cidades que se experimenta a política e seus impactos mais objetivos. Quem vai resolver o problema da má iluminação ou dos quebra-molas das ruas, quem vai mantê-las limpas, quem vai ofertar saúde e educação gratuita para a toda a população é a administração municipal. Portanto, as eleições municipais são as mais importantes na experiência do cidadão com a cidade, com seus direitos, deveres e na própria vida da comunidade. Isso não significa uma depreciação das outras esferas governamentais e de seus pleitos – mas uma importante e necessária valorização da importância do âmbito municipal justamente para que as outras possam ser incrementadas em termos qualitativos e propositivos.

Qualquer campanha ao governo municipal que não se debruce sobre uma resolução real de problemas reais, cotidianos e, portanto, que afetam diretamente a vida das pessoas, estará fadada ao fracasso; se, ainda assim, houver sucesso no pleito eleitoral, tem grandes chances de não resolvê-los. “Problemas existem para serem resolvidos” – e não postergados, empurrados para a próxima administração e assim sucessivamente. Enquanto a experiência do cidadão com a cidade não for alterada – dentre direitos e deveres, tanto do cidadão, quanto das empresas e do próprio governo – continuaremos a ter uma cidade que acumula problemas e dirige-se ao futuro das grandes cidades. Caso Nova Friburgo ou qualquer outra região de pequeno ou médio porte continuar a se basear nas lógicas de produção do espaço vivido, nos moldes das grandes cidades, é mais provável que estejamos atestando certa incompetência em replicar, de forma mais intensa, os problemas das grandes capitais.

O que uma cidade oferece ao seu cidadão e cidadã é reflexo do tipo de política que se faz para o bem comum – primeiro, em nível municipal, seguido pelas esferas estadual e federal. Uma campanha que se destinar a garantir os interesses daqueles que investem financeiramente em candidaturas terá a sina dos últimos governos em nossa cidade – ou seja, discursos que se mostram, no futuro, totalmente descolados de práticas e da própria realidade. Ao que indicam os últimos cenários eleitorais da cidade, será este o caminho – os discursos da moralização, da renovação ou da purificação (que por vezes se mostram todos como falsos). Enquanto não houver um comprometimento político com o bem comum, com o público, com a responsabilidade com a vida direta e objetiva das pessoas, haverá a repetição de políticas mal fadadas. Para se contrapor ao mais do mesmo do que chamam de “velha” e “nova” política, há de se ter um espaço amplo para a congregação de ideias, projetos e soluções. Caso contrário continuaremos a repetir, em escala microscópica, as velhas brigas que lutam por um passado que não cabe mais no presente nem acomodam o sonho que se alimenta por uma cidade mais justa, inclusiva e democrática. Afinal de contas, a democracia é uma forma de governo que atende a todos, e não somente a uma classificação de cidadão, seja ela de gênero, cor, credo ou renda.

Um governo que não é público é tomado por interesses patronais, de atividades lobbistas ou privados. Um governo que não é público, não é democrático – e o município deveria ser uma das mais importantes instâncias democráticas de um país.


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