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O dilúvio informacional

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Por Hamilton Werneck
19/08/19 - 09:00

A comparação entre o dilúvio informacional e o dilúvio bíblico narrado no Livro do Gênesis, após coleta de tradições orais por vários séculos, lança luz sobre nossas vidas e novas aprendizagens, tão necessárias à sobrevivência, como foi a Arca de Noé.

Indo ao Gênesis 7,16 está escrito que Jeová “fechou a porta pelo lado de fora”. Isto ocorre depois de intensa luta de Noé para construir a Arca e dentro dela reunir um microcosmo capaz de representar, como perfeita amostra, o macrocosmo que seria destruído pelo dilúvio. Depois, foi entregar tudo nas mãos de Deus e deixar que as águas e correntezas levassem o barco. Uma nau sem leme, sem bússola a bordo, sem velas, sem remadores... esta, pelas narrativas bíblicas, pousou no alto do monte Ararat.

A nossa nau informacional, prepare-se, não terá onde pousar! Este atual dilúvio de informações, até as mais volumosas memórias classificadas como zettabytes e yottabytes, navegarão em nave sem previsão para o término do dilúvio.

Sob o fundo de nossa nave nada há de sólido. Ela está condenada a uma navegação infinita. Por isso precisamos reaprender para ensinar a todos a aprender coisas completamente novas.

Na história antiga, nos tempos das tradições orais, tudo era imaginado e contado às pessoas que viviam no mesmo contexto da construção da história, da lenda, da parlenda. Hoje, mudou tudo. Não há um Noé neste dilúvio, muito menos uma só Arca. Estas Arcas comunicam-se entre si, criam histórias novas fora dos contextos, sem relação com o passado das tradições, projetam um futuro incerto. No passado, o Rei Sargão de Agadé, querendo apagar a história dos povos reunidos ao longo do rio Eufrates, mandou jogar uma biblioteca com escritos cuneiformes no Eufrates para que se apagassem. César, como um bárbaro, destrói a biblioteca de Alexandria para tentar liquidar com a influência da cultura grega. Hitler, com inúmeras fogueiras, queimou obras próximas do Corão e do Talmude. Todos tentavam apagar a história. Cada um construía o seu dilúvio avassalador que tinha efeito no tempo e no espaço. Um dia, acabava.

Agora não. Tudo o que foi escrito e catalogado está na nuvem, não precisa de biblioteca e não pode ser destruído. Por isso o dilúvio é contínuo e para se viver nele é necessário aprender a cada dia. Aprender o que? Eis a questão. Não sabemos exatamente nem o que, nem o como! Tudo está em mudança, precisamos aprender a navegar novamente, num eterno dilúvio de informações nesta virtualidade do ciberespaço.

Neste ciberespaço surge uma cibercultura que não determina o movimento histórico, como Gutenberg não trouxe com a imprensa a Reforma Protestante no século XVI, mas, sem dúvida, ela foi condicionada pelo surgimento da imprensa, como nós, hoje, estamos condicionados às tecnologias mais avançadas.

Uma técnica nova não é, em si, nem boa, nem ruim, não trará, por si mesma, mais prazer ou azedume nas relações. Por isso mesmo, o mais importante aprendizado está na contínua análise dos contextos e no discernimento de tudo o que se apresenta. Imitando o som da língua grega antiga estaria o filósofo Heráclito dizendo do interior de uma dessas Arcas: “panta rei, kai roréin, kai oudém ménei”; tudo corre, tudo passa, nada permanece.

Se fomos preparados para viver a era das certezas, já ultrapassamos outra era, a das promessas, e adentramos à era das incertezas. Nisso está caracterizado o dilúvio atual.


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