Mesmo em meio à crise hídrica, Ministério de Minas e Energia nega retorno do horário de verão
Medida foi extinta em 2019 e, de acordo com a pasta, a aplicação não traz nenhum benefício na redução da demanda
12/10/21 - 14:28
Amado por uns e odiado por outros, o horário de verão, que tinha o objetivo de reduzir o consumo de energia no período de pico, entre 18h e 21h, por meio do aproveitamento do maior tempo de incidência da luz do sol, deixou de existir em 2019, por decisão do presidente Jair Bolsonaro.
O argumento para justificar a mudança foi o de que a economia de energia não era mais eficaz e que a alteração do horário causava "problemas de saúde", já que mexia com o relógio biológico de algumas pessoas.
Mas, com o atual pedido do governo federal para que a população economize luz diante da grave crise hídrica que o país atravessa, a reportagem do Portal Multiplix questionou o Ministério de Minas e Energia (MME) sobre o possível retorno do horário de verão. Em nota, o ministério manteve o argumento de que atrasar os relógios em uma hora não é mais eficaz.
“A contribuição do horário de verão é limitada, tendo em vista que, nos últimos anos, houve mudanças no hábito de consumo de energia da população, deslocando o maior consumo diário de energia para o período diurno”, explicou o órgão.
O economista Márcio Edgar concorda. Ele afirma que o horário de verão era sim um meio útil na economia de energia, mas que com o passar dos anos esse fato mudou. “No início sim, depois a economia caiu cerca de 60% e ficou sem sentido o horário de verão", argumenta.
Crise hídrica
O país passa pela pior crise hidrológica desde 1930 e, nos últimos sete anos, os reservatórios das hidrelétricas receberam um volume de água inferior à média histórica. Por isso, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou, no final do mês de agosto, uma nova bandeira tarifária chamada “Escassez Hídrica”, que pesou ainda mais no bolso do brasileiro. O consumidor agora paga R$ 14,20 a mais, a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
A empresa responsável pelo fornecimento de energia elétrica em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, informou que a avaliação dos impactos na redução do consumo e da demanda de energia elétrica é feita pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), que realizou estudos na época sobre o tema, e disse que não houve nenhum reajuste na taxa de energia e sim a aplicação da nova bandeira.
“O impacto nas contas de energia provocará um aumento de 6,78% na tarifa média dos consumidores regulados. A bandeira Escassez Hídrica ficará vigente, em princípio, entre 1º de setembro de 2021 e 30 de abril de 2022. ”
O economista explicou que agora o preço passa a ser calculado com base nas condições das hidroelétricas e assim os valores acabam subindo.
“Hoje, sem condições de gerar nas hidroelétricas, o preço da energia das térmicas, que depende da taxa de câmbio, é muito alto. Não se trata de economizar, não tem energia mesmo. Quem estabelece o câmbio é o governo. O preço do dólar está muito caro e não há nenhuma intenção do governo em abaixar. A piora da crise hídrica é exclusivamente culpa da política cambial do governo, bem como do preço alto dos combustíveis. ”
Nesse caso, é necessário ter em mente a importância da redução do consumo de energia para evitar agravamentos futuros. A empresa responsável pele energia elétrica em Nova Friburgo, elaborou algumas dicas para a redução do consumo:
Se você tem uma geladeira e um freezer em casa, desligue o freezer e use somente a geladeira
Ferro de passar roupa: use somente quando necessário
Se temos três televisores em casa, e ambos ficam ligados simultaneamente, é a hora de usarmos apenas um
Os banhos precisam ser rápidos, porque o chuveiro elétrico é um dos grandes vilões do consumo
Se as crianças jogam videogame ou usam computador por muitas horas diárias, é importante estabelecer um limite
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