Guilherme Boulos em Friburgo: “Tem mais casa sem gente, do que gente sem casa”
Pré-Candidato à Presidência pelo PSOL destacou que a cidade precisa de um plano de prevenção de desastres e falou também sobre a reforma da previdência
13/07/18 - 16:00
Renovação na política e mudanças na forma de gestão pública. Assim, Guilherme Boulos se apresenta como pré-candidato do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) à Presidência da República. Em visita a Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, o filósofo e psicanalista, além de coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), comentou sobre seus planos para o País, criticou medidas do governo Temer e falou em atacar privilégios, apostando em uma gestão participativa para o Brasil evoluir. Além disso, disse que Nova Friburgo precisa de um plano de prevenção contra desastres climáticos.
Como coordenador do MTST, Boulous destaca a dificuldade em garantir o direito à moradia para os brasileiros. Em Nova Friburgo, particularmente, ele vê a necessidade da prevenção de novos desastres.
“Aqui, em Friburgo, temos uma situação particular que é a vulnerabilidade pela situação geológico. É necessário ter um trabalho de prevenção a novos desastres. Foi aprovado em 2012 no Congresso Nacional, com relatoria do deputado friburguense Glauber Braga (PSOL-RJ), o Estatuto de Prevenção de Defesa Civil, até hoje, está para ser regulamentado e não foi. É uma canetada do Presidente. Nossa primeira medida será regulamentar esse Estatuto e criar políticas públicas para prevenir desastres climáticos em áreas de vulnerabilidade, como é Nova Friburgo”, disse, completando em seguida:
“Temos um problema crônico de moradia em todo o País. Precisamos de uma política de habitação para todo o território nacional, construindo casas, mas não apenas isso. Aqui em Friburgo teve um número relevante de construções do Minha Casa, Minha Vida, mas só isso não basta. Temos de investir em infraestrutura, serviços públicos de qualidade e oferecer emprego, dar dignidade. Temos 6,3 milhões de famílias sem casa. Ao mesmo tempo, existem 7,9 milhões de imóveis em situação de abandono. Ou seja, tem mais casa sem gente, do que gente sem casa”, complementou.
Ele ainda ressaltou que é necessário ter uma política de desapropriação de imóveis ociosos baseado no Estatuto das Cidades de 2001, que possui uma série de critérios, e que diz que estas residências podem ser desapropriadas, se estiverem devendo imposto para o poder público em cinco anos.
Reforma da Previdência
O pré-candidato também criticou o modelo de Reforma da Previdência proposto pelo Governo Temer.
“A proposta atual é uma covardia. Tem problema na Previdência e você vai fazer o trabalhador que ganha um salário mínimo pagar a conta? Vai cortar auxílio doença e mexer na aposentadoria rural? Não podemos admitir isso. Temos de cortar privilégios. Na Constituição Federal, diz que as fontes da Previdência são Pis, Cofins, Pasep, por exemplo. Mas este governo colocou a DRU (Desvinculação de Receitas da União) e receita que deveria pagar a Previdência para acertar juros da dívida pública. Vamos acabar com essa farra e com as desonerações em folha que também retiram recursos da Previdência. Sempre vai ter um rombo. Vamos destinar esta verba para bancar a Previdência. Queremos atacar privilégios e diminuir os auxílios para os políticos brasileiros”, declarou.
Quanto ao sistema político, ele destacou que faliu, pois funciona através de negociações e corporativismo para quem financia as campanhas do Legislativo e do Executivo.
“Queremos apresentar novos caminhos: uma renovação de práticas e princípios. E mostrar que política vai além da Praça dos Três Poderes. O povo precisa participar e se envolver. Queremos aproximar o poder das pessoas em uma campanha de baixo para cima. Vamos diminuir o poder dos políticos e aumentar o da população. No primeiro dia de governo vamos remover diversas medidas do governo Temer através de plebiscitos. Entre essas medidas estão a Reforma Trabalhista, a Medida Provisória que reduz recursos do Esporte, congelamento dos gastos públicos, a Reforma do Ensino Médio, por exemplo”, concluiu.