Impactos da eleição americana na economia brasileira

Os Estados Unidos encerram nesta terça-feira, dia 3 de novembro, uma votação histórica para escolher o próximo presidente americano, em uma disputa entre o republicano Donald Trump e o democrata Joe Biden. Mas você, leitor, deve estar se perguntando: o que a eleição americana tem a ver com o Brasil e, em especial, com Nova Friburgo? A resposta: muita coisa, sobretudo na economia. E para entender qual o impacto do pleito estadunidense no nosso país e região, o Portal Multiplix entrevistou três economistas de Nova Friburgo.

Vale lembrar que além da cadeira presidencial, vão estar em jogo 35 cadeiras no Senado, atualmente de maioria republicana (53 diante de 45 democratas, além de dois independentes), o que pode fazer o controle da Casa mudar de mãos. A Câmara dos Representantes já possui maioria democrata.

Cabe destacar, ainda, que com pautas mais populares, como taxar lucros de empresas americanas no exterior, a vitória azul (cor dos democratas) é vista com maior ceticismo pelo mercado.

Mesmo assim, é importante salientar que Joe Biden possui como uma de suas propostas impulsionar empresas ligadas ao ESG - "environmental, social and governance” (ambiental, social e governança, em português) - beneficiando companhias que apostam em negócios que envolvem energia limpa e boas práticas de governança, fazendo com que o mercado se mantenha aquecido.

Segundo o economista Márcio Schuler, o pior cenário possível para o mercado seria uma eleição de Joe Biden com o Senado tendo maioria democrata.

“A eleição de Joe Biden por larga margem e com Senado democrata é a hipótese menos provável para o mercado, no entanto, a mais adversa. A vitória democrata no Senado deve acontecer apenas se Joe Biden vencer a presidência por ampla margem, já que existe uma forte correlação entre a votação presidencial e parlamentar num cenário de polarização”, declara.

“A influência direta do resultado da eleição norte-americana seria relativa aos impactos de política monetária dos Estados Unidos e no comércio internacional, como as relações diplomáticas com a China, mas que, em médio prazo, podem ser internalizadas pela economia brasileira. Neste caso, para o Brasil, a vitória de Biden também pode representar conflitos diplomáticos relativos ao assunto meio ambiente. Já as relações locais de importação/exportação podem sofrer pequenas alterações mais relacionadas ao posicionamento brasileiro sobre o resultado das eleições americanas, do que ao próprio vencedor delas”, completa Márcio.

Ele conclui afirmando que a vitória de Biden com o Senado de maioria republicana e o Congresso dividido ou a reeleição de Trump são cenários vistos como mais positivos para o mercado de ações.

Por sua vez, o profissional da área econômica Marcus Randazzo faz uma importante ressalva, apesar da política mais liberal do Partido Democrata.

“O grande problema é que na sua campanha eleitoral, Donald Trump prometeu ações de proteção à economia dos Estados Unidos, ou seja, ele pretende aumentaras tarifas dos produtos importados com o objetivo de privilegiar a produção interna”, diz.

Ele destaca que mercadorias e insumos exportados para o território estadunidense no primeiro semestre deste ano podem sofrem impactos. Alguns deles são:

• Produtos semiacabados, lingotes e outras formas primárias de ferro ou aço

• Celulose

• Óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos

• Indústria de transformação

• Café não torrado

“Estes produtos, juntos, totalizaram U$$3,47 bilhões, que é um valor bastante significativo .Por isso, uma vez colocada em prática, a política de Trump de reduzir a entrada de produtos de fora pode intervir, e muito, no desempenho econômico do Brasil, gerando ainda mais desemprego. Localmente, está política poderá trazer uma queda das exportações do setor metal mecânico que atualmente vem surfando em uma onda bastante favorável aproveitando-se da valorização da moeda americana junto ao Real, do aquecimento do setor de construção civil e o aumento das exportações”, relata Marcus.

Já Renato Côrtes prevê uma recuperação mais lenta da nossa economia em caso de triunfo de Biden e a manutenção do alinhamento do governo Jair Bolsonaro com propostas de Donald Trump.

Eleição americana

A eleição americana é feita de forma indireta com os estados elegendo delegados para o Colégio Eleitoral e estes sim, decidindo o vencedor da corrida presidencial.

Neste ano, além da polarização, o voto por correio, em razão da pandemia, foi outro item que gerou debates e polêmicas.

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