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Nova Friburgo nos tempos do imperador

Novela da Globo destaca a importância de D. Pedro II para o desenvolvimento do Brasil em trama que reúne histórias de amor, lutas e esperança

Por David Massena
09/08/21 - 16:31
Nova Friburgo nos tempos do imperador Imperador D. Pedro II e alguns membros da família imperial visitaram Nova Friburgo em algumas ocasiões | Foto: Reprodução/Museu Imperial (Ibram/MinC)

A partir deste mês de agosto, D. Pedro II vai ocupar a telinha na nova novela da Rede Globo, dos mesmos criadores de “Novo Mundo”, os autores Alessandro Marson e Thereza Falcão.

“Nos Tempos do Imperador”, traz de volta a família imperial brasileira e nos convida a redescobrir as histórias que transformaram o Brasil do século XIX.

A obra, que começa em 1856, se passa no Segundo Reinado, período em que D. Pedro II assume o trono de imperador do Brasil. Mas o que isso tudo tem a ver com Nova Friburgo?

Na trama, D. Pedro II, a imperatriz Teresa Cristina e Luísa Margarida Portugal de Barros, a condessa de Barral, vão formar um triângulo amoroso, uma paixão que promete muitas emoções e que está registrada em correspondências trocadas entre os amantes, contando diversas passagens do imperador à cidade.

Segundo a historiadora Janaína Botelho, “em 18 de dezembro de 1873, D. Pedro II retornaria a Friburgo a convite de Bernardo Clemente Pinto Sobrinho, o segundo barão de Nova Friburgo, para a inauguração do prolongamento da Estrada de Ferro Cantagalo, no trecho de Cachoeiras a Friburgo. Já em 1874, a vinda do imperador a Nova Friburgo foi para acompanhar a princesa Izabel em um tratamento à base de hidroterapia, em razão de sua suposta infertilidade. Nessa ocasião, veio acompanhado de sua amante, a condessa de Barral, dama de companhia da princesa”.

Casado com a imperatriz Teresa Cristina, que dá nome à cidade de Teresópolis, o imperador teve um delicado e misterioso romance com a baiana, a condessa de Barral.

“Numa época de casamentos arranjados, D. Pedro II encontrou a sua 'alma gêmea', como ele relata em seu diário, numa mulher inteligente, despojada, culta e que vivera boa parte de sua vida em Paris. Ficaram todos hospedados no Hotel Leuenroth”, acrescenta a historiadora.

Imperador D. Pedro II se hospedou no antigo Hotel LeuenrothImperador D. Pedro II se hospedou no antigo Hotel Leuenroth | Foto: Reprodução/Fundação Dom João VI

A história destacará, segundo a autora da novela, Thereza Falcão, “a relação de D. Pedro II com o ensino, a cultura e o patrocínio à ciência”. Para a escritora, o imperador pode ser considerado “o maior brasileiro de todos os tempos”.

Ambientada no Rio de Janeiro, a trama de época se desenvolve em um Brasil que ainda busca sua identidade e acompanha momentos importantes da vida do imperador D. Pedro II, da imperatriz Teresa Cristina e de Luísa, a condessa de Barral, ao longo dos anos.

Através de histórias de amor, lutas e esperança, a próxima novela traz elementos históricos, mas que remetem imediatamente aos dias atuais, como informado pela TV Globo.

Em meio a essas histórias que a cidade serrana fluminense serve como cenário. Afinal, D. Pedro II retornaria a Nova Friburgo dois anos depois do primeiro registro, em 1876. De acordo com o livro do médico e historiador, Alcindo Sodré, “Abrindo um cofre”, o Imperador passou por um vasto período no município da Região Serrana, já que em sua correspondência com a condessa de Barral, cita o nome da cidade em diversas ocasiões.

Imperatriz Teresa Cristina e a condessa de BarralImperatriz Teresa Cristina e a condessa de Barral | Foto: Reprodução/Wikimedia Commons

Para a historiadora Janaína Botelho, o imperador veio a Nova Friburgo, possivelmente, para tomar as duchas do Instituto Hidroterápico, conforme se depreende do conteúdo de sua carta: "Condessa, onde se achará fresco? Valha-me a água dos banhos. (...) Confirmo meu juízo: Teresópolis majestoso; Petrópolis lindo e Friburgo bom lugar de tomar fresco, quando o há. Espero ler bastante aqui e recorrer a quanto esguicho puder refrescar-me (Friburgo, 13 de janeiro de 1876)”.

E acrescenta que D. Pedro II retornaria ainda a Nova Friburgo naquele mesmo mês. De acordo com a sua correspondência com a condessa de Barral, fora para Cantagalo, mas em 17 de fevereiro de 1876, lá estava o imperador novamente em Nova Friburgo, pois escreve de lá para sua amante. Refere-se sempre às duchas que tomava no Instituto Hidroterápico, pois D. Pedro II era diabético: “A imperatriz tem se dado bem com as duchas, e eu também gosto das refrigerantes”.

“Em sua carta dizia ter intenção de retornar, definitivamente, para o Rio no dia 3 de março. De fato, o imperador já está no Rio de Janeiro no dia 4 de março, mas imaginem o que disse quando lá estava: 'Amanhã volto para Friburgo. Que calor aqui! A febre amarela tem aumentado por este estado do Rio (Rio, 4 de março de 1876)', cita a historiadora.

Novela “Nos Tempos do Imperador” se passa no período em que D. Pedro II assume o trono de imperador do BrasilNovela “Nos Tempos do Imperador” se passa no período em que D. Pedro II assume o trono de imperador do Brasil | Foto: Divulgação/TV Globo

Outro trecho deixa evidente a forma carinhosa a que se refere ao Hotel Leuenroth, com romantismo: “Condessa(...) Porém creia que olho sempre com imensas saudades para os quartinhos do anexo do Hotel Leuenroth (Rio, 4 de março de 1876)".

Muito além dos amores novelescos e pares românticos, “Nos tempos do imperador” revisitará um importante período da história brasileira onde se destacam os movimentos que culminaram com a Abolição da Escravatura, a Guerra do Paraguai e a Proclamação da República. Então, vamos sentar que lá vem história!

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