Cremerj constata falta de insumos no Hospital Municipal Raul Sertã em Nova Friburgo

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj), em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, se reuniu na última semana com representantes da prefeitura para discutir os problemas encontrados pela entidade no Hospital Municipal Raul Sertã – um dos principais da região – durante fiscalização realizada em abril.

Entre os temas debatidos estavam a falta de condições de trabalho, os baixos salários dos médicos e os vínculos empregatícios precários. O Ministério da Saúde define trabalho precário como aquele realizado sem a proteção social do trabalhador e, na administração pública, engloba também todo trabalho realizado sem concurso público.

O Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) consideram como precário o trabalho realizado sem garantia de direitos sociais para os trabalhadores, porém defendem a flexibilização do trabalho em certos casos. Também participaram da reunião a Defensoria Pública e o Ministério Público do Trabalho (MPT).

Durante a vistoria, segundo o Cremerj, foi constatada falta grave de insumos e até de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como aventais, além do número insuficiente de profissionais para atuar na assistência aos pacientes.

O Conselho informou ainda que encontrou baixo estoque de medicamentos, não existia fluxo adequado para separar os pacientes com suspeita de Covid-19 e a unidade estava superlotada. Outro fator preocupante verificado foi a sobrecarga de trabalho.

“A situação do hospital é muito grave, mas isso, infelizmente, não é de hoje. Neste último ano o cenário se agravou ainda mais por conta da pandemia e está comprometendo todo o atendimento. Sabemos que não é fácil resolver rapidamente todos os problemas, mas é preciso encontrar uma saída. E esta reunião é para isso: debater as questões encontradas na unidade e saber dos gestores municipais quais medidas estão sendo tomadas para resolvê-las”, disse o diretor do Departamento de Fiscalização (Defis) do Cremerj, Guilherme Nadais, na abertura da reunião.

Na reunião, de acordo com o Cremerj, o prefeito de Nova Friburgo, Jonny Maycon, reconheceu os problemas apontados e apresentou quais medidas estão sendo planejadas para resolvê-los.

Em relação aos salários e vínculos empregatícios, ele informou que será enviada para a Câmara dos Vereadores uma proposta de reajuste salarial para os médicos da unidade e outra para a realização de concurso público, que deve acontecer no primeiro semestre de 2022.

Sobre a falta de medicamentos, o prefeito informou que está sendo implementado um sistema mais moderno de controle de estoque e que também foi implantado o sistema de pregão eletrônico para compra de insumos, o que agilizaria a compra destes itens.

Sobre o número insuficiente de médicos, a secretária municipal de Saúde de Nova Friburgo, Nicolle Ribeiro Lessa Cipriano, informou que novos profissionais estão sendo contratados e que, até o final de maio, a escala estará completa.

Ela também adiantou que estuda a possibilidade de aumentar o quadro de acadêmicos de medicina na unidade.

Os conselheiros do Cremerj informaram que continuarão acompanhando a situação da unidade para averiguar se as melhorias apresentadas pelos gestores serão implementadas.

Representando o Conselho estavam o presidente Walter Palis e os conselheiros Antônio Abílio Santa Rosa, Ricardo Azêdo e Luiz Zamagna, além do coordenador da delegacia do Cremerj de Nova Friburgo, Marcelo Orphão.

Também participaram da reunião o defensor público Cristian Pinheiro Barcelos e o procurador-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho, João Batista Berthier.

Secretária de Saúde na Câmara

Na noite da última terça-feira, 18, a secretária de saúde de Nova Friburgo Nicolle Ribeiro Lessa Cipriano, esteve na Câmara de Vereadores, para prestar esclarecimentos sobre questões referentes à pasta, como o combate à pandemia e compra de insumos para o Hospital Raul Sertã.

Ela afirmou que a secretaria vem buscando solucionar problemas como a ausência de medicamentos, oxigênio e de mão de obra.

“Conhecemos a morosidade deste sistema e estamos buscando agilidade para encontrar resultados para a população”, declara.

Nicolle ressaltou a dificuldade em contratar insumos e que a secretaria celebrou contratos emergenciais para conseguir obter, de forma acelerada, os materiais necessários para o funcionamento da unidade.

“O processo de cotação, mesmo sendo emergencial, foi demorado. Confesso que tivemos alguns erros, mas buscamos tentar acelerar este processo. Também buscamos fazer trocas ou empréstimos com outras cidades do estado”, declara.

A secretária afirmou ainda que a pasta está em processo de licitação para contratar alimentação para o Raul Sertã e o mesmo será feito com a Maternidade Dr. Mário Dutra.

Além disso, Nicolle ressaltou que existe um processo de contratação para materiais de laboratório para o Hospital Raul Sertã e toda a rede de saúde do município serrano.

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