Alimentos podem perder valor nutritivo devido ao aumento de CO2 na atmosfera, aponta estudo
Amostra indica que cultivos podem ser afetados e devem gerar déficit de zinco, ferro e proteína até 2050
05/09/18 - 16:37
Nos últimos meses, aumentaram as notícias relacionadas a temperaturas altas e danos causados à natureza pelo aquecimento global e, consequentemente, o aumento de CO2 na atmosfera terrestre. Nesta vertente, um estudo de pesquisadores da Universidade Havard e publicado no fim de agosto pela revista Nature Climate Change, indica que o CO2 irá reduzir os valores nutritivos de cultivos gerando carências de zinco, ferro e proteínas.
De acordo com o artigo, a queda da quantidade de zinco poderia atingir 175 milhões de pessoas e a diminuição de nutrientes da proteína poderia impactar 122 milhões de indivíduos. O estudo aponta ainda que o aumento da concentração do dióxido de carbono no ar poderá atingir 550 partes por milhão (ppm) até 2050. No ano passado, era de 445 ppm. Desta forma, a presença de ferro, proteínas e zinco em muitos cultivos de base poderá ser reduzida entre 3% e 17%.
"A falta de zinco afeta o sistema imunológico. As crianças correm um maior risco de contrair doenças, como infecções respiratórias, malária, ou doenças diarreicas", explicou à AFP o pesquisador Matthew Smith.
No mundo, já existem 662 milhões de pessoas que sofrem com a falta de proteínas, 1,5 bilhão de falta de zinco e 2 bilhões são afetadas pela diminuição de ferro.
“Um déficit de ferro pode causar anemia e aumentar a mortalidade nos partos, assegurou. Além disso, a falta de proteínas pode provocar um atraso no crescimento infantil”, complementou. Com o cultivo-chave de alimentos como trigo, arroz e milho, as regiões que mais devem sofrer com tal ação são o Norte da África, o Oriente Médio e a Ásia.
“Essas áreas contribuem em cerca de dois terços com a oferta de proteínas, zinco e ferro no mundo". Os dois primeiros são mais sensíveis ao aumento de CO2 na atmosfera do que o milho, detalhou Smith. Coautor do estudo, Samuel Mayers ressaltou que as pessoas mais pobres são aquelas que irão sofrer maior impacto com a falta de nutrientes nos cultivos de base.
"As decisões que tomamos diariamente - como aquecermos nossa casa, como comemos, como nos movemos, o que compramos - fazem com que nossos alimentos sejam menos nutritivos, pondo em perigo a saúde de outras populações e das gerações”, revelou.